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Um panorama de Isfahan na varanda do minarete da mesquita Imam |
Minarete (do turco minare, pelo árabe manāra, em persa é pronunciado menāreh, que literalmente. significa “farol”) é a torre de uma mesquita, local do qual o muezzin anuncia as cinco chamadas diárias à oração para os muçulmanos. A palavra minarete deriva de nur que significa “luz” em árabe, referindo-se a um lugar de onde a luz é emitida. Assim os minaretes eram inicialmente torres utilizadas para guiar os viajantes durante à noite.
Não se sabe exatamente quando foi construído o primeiro minarete na era islâmica. Acredita-se, no entanto, que os minaretes surgiram logo após a construção das mesquitas nas cidades islâmicas. Até então, os muezzins ou pregoeiros utilizavam o telhado das casas mais altas da cidade para chamar o povo às orações. A construção do minarete em sua forma atual foi introduzida pela primeira vez durante o reinado dos califas Omíadas (provavelmente influenciados pelas torres das igrejas cristãs).
Após a expansão do islamismo no Irã, os primeiros minaretes tinham a forma de simples pólos orientadores perto das mesquitas, antes de serem desenvolvidos como estruturas elaboradas. O minarete da mesquita Jameh de Shushtar construído no início do século VIII está entre os primeiros erguidos no Irã depois do advento do Islã.
É provável que o mais antigo minarete de tijolos de barro tenha sido construído no final do século IX entre as cidades nova e velha de Qom para que o chamado do muezzin pudesse ser ouvido em ambas as cidades. Presumivelmente, o mais antigo minarete de alvenaria se localiza a 26 km da cidade de Mashhad, e foi construído durante o governo de Mahmoud Soltan Ghaznavi (998-1030) e chamado Ayaz ou Arsalan Jazeb alternadamente.
O período Seljúcida, durante os séculos XI e XII, é particularmente notável no desenvolvimento das artes arquitetônicas no Irã, especialmente dos minaretes. Os que foram construídos nas laterais do prédio do governo na cidade de Kashan, são exemplos notáveis. Estes minaretes eram simples, sem padrões ornamentais. O mais antigo deste período é o da Mesquita Vermelha, em Saveh construído em 1087 e considerado como um edifício monumental Seljúcida.
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Minarete da mesquita Jameh de Shushtar um dos mais antigos do Irã (Foto do site: Hamshari Online) |
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Minarete do Túmulo de Arsalan Jazeb (Ayaz) em Mashhad (Foto do site: Tishineh.com) |
Apesar de o Irã ter sofrido uma destruição radical pela invasão de mongóis e Timúridas, os reis das dinastias posteriores auxiliados por ministros capazes construíram um grande número de mesquitas e santuários com minaretes imponentes. A grande diferença deste período, é que os minaretes passaram a ser construídos em pares.
Os minaretes da mesquita Jameh de Ashtarjan na província de Isfahan, da Mesquita do Sultão Taht Agha e da mesquita Jame de Kerman estão entre os exemplares da dinastia dos Ilkhanidas. Existe um minarete famoso na mesquita Goharshad em Mashhad, que pertence ao período Timúrida.
Durante a dinastia Safávida, que é conhecida como a era dourada da arquitetura iraniana, foram construídos os minaretes gêmeos da Mesquita Shah em Isfahan, decorados com faiança e azulejos coloridos com motivos florais e caligrafias. A mesquita Imam, o edifício da escola Chahar Bagh e a mesquita Shah em Isfahan exibem os minaretes mais elegantes da época.
Merecem destaque também os dois minaretes “balançantes” Manar-e Jombān em Isfahan e o curioso minarete Shams Tabrizi em Khoy, cuja decoração do eixo consiste em numerosas caveiras de carneiro com seus chifres projetados para o lado de fora e os minaretes mais altos do Irã que coroam a entrada da mesquita Jameh de Yazd com seus 52 metros de altura.
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Minarete timúrida da Mesquita de Goharshad em Mashhad |
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O curioso minarete “com chifres” de Shams Tabrizi em Khoy |
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Minaretes da mesquita Jameh de Yazd, os mais alto do Irã com 52 m de altura. (Foto: David Stanley CC-BY-2.0) |
A estrutura arquitetônica dos minaretes
A estrutura arquitetônica dos minaretes basicamente consiste em três partes:
1 – Base: Por caracterizarem um corpo alongado e delgado, os minaretes necessitam de uma base reforçada em suas fundações. Precauções de segurança exigem que o terreno seja escavado a uma profundidade suficiente até que encontre o solo duro. Então, a trincheira escavada deve ser preenchida com cascalho antes que a base principal seja construída. Alguns tipos de minaretes são montados direto no nível do solo sem nenhuma base no subsolo.
2 – Eixo: O tamanho e a forma de um minarete pode variar de um país para outro. Os minaretes iranianos podem ser agrupadas em duas categorias: individuais e duplos. Os individuais normalmente têm um corpo mais alongado e podem ser de três tipos: cilíndricos, cônicos (afinando em direção ao topo) e poligonais. O eixo, constitui a parte principal da estrutura e é rodeado por um conjunto de escadas em espiral em sentido anti-horário que levam até a galeria. As escadas em espiral proporcionam uma maior resistência contra o tremor e a forma arredondada do eixo suporta os impactos dos ventos fortes. Entradas de luz são abertas ao longo do eixo permitindo que a luz natural ilumine as escadas.
3 – Galeria: Uma espécie de varanda, circular ou poligonal onde a chamada para oração é feita pelos muezzins. Esta varanda é coberta por um telhado semelhante a um toldo variando de formato de acordo com o país e estilo. No Irã da era safávida geralmente essas varandas eram feitas em madeira, estilo que foi preservados até a era Qajar. Em comparação com minaretes turcos, especialmente do período otomano, os minaretes iranianos têm pequenas cúpulas acima deles, em vez de torres pontiagudas.
Os minarete iranianos, que também incluem os exemplares do Afeganistão, Índia e nas regiões do Mar Cáspio, geralmente alcançam mais de 50 metros de altura. Com a queda dos safávidas e o surgimento da dinastia Qajar a arquitetura iraniana entrou em declínio e a construção dos minaretes se tornou menos expressiva.
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Exemplos da diversidade de estilos dos minaretes do Irã (Imagem do site: Iranicaonline.org) |
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