Khosrow Hassanzadeh: o pintor da memória e das tradições familiares

Série “Terrorista”: Khosrow (auto-retrato)  2004
Serigrafia e acrílica s/tela 
Khosrow Hassanzadeh, nasceu em 1963, de uma família Azeri em um bairro tradicional do sul de Teerã. Após a morte de seu pai, sua mãe, Najibeh, criou seus filhos sozinha e isso, inspirou as imagens femininas em muitos de seus trabalhos. Na sua juventude, entusiasmado com os ideais da Revolução Islâmica de 1979 participou voluntariamente da implantação dos Basidji na província do Baluchistão para lutar contra traficantes de drogas. Mais tarde, foi recrutado para as forças militares que defenderiam o país na guerra Irã-Iraque onde testemunhou a morte de muito de seus amigos. Khosrow tornou-se muito afetado por este trágico acontecimento e tentou expressar suas emoções através de suas pinturas. Ele estudou na escola Mojtama-e-Honar e no ateliê de Aydin Aghdashloo em bairros ricos da zona norte de Teerã, mas logo, desistiu de seus estudos artísticos e abriu sua própria loja de frutas em um bairro do sul para sustentar sua família e pagar as mensalidades do curso de bacharelado em literatura persa. Naquela época, ele começou a pintar mais e à noite, em embalagens de papel para maçãs, uvas, tangerinas e romãs. Alguns anos depois Khosrow começou a escrever críticas de arte nos jornais e parou de vender frutas para expor suas obras dentro e fora do Irã. Seu talento foi logo reconhecido por instituições famosas tais como o Museu Britânico, o Banco Mundial, o Museu de Arte Contemporânea de Teerã, Channel 4 e BBC, que fez um documentário sobre o artista. As principais mídias usadas por Khosrow são serigrafia, pintura e técnica mista e seu trabalho se aproxima da Arte e Linguagem e dos movimentos da arte conceitual, embora seja considerado por muitos como um artista político abordando temáticas religiosas e tradicionais iranianas. Em sua série “Chador” não está nem a favor nem contra o uso desta vestimenta e de seu significado político, mas a preocupação de Khosrow é a “a mulher em si, além e através do véu”. A série “Ashura”, em colaboração com o fotógrafo Sadegh Tirafkan, foi exibida em Beirute e no Museu de Arte Contemporânea de Teerã , como parte da primeira exposição de arte conceitual do Irã. Atualmente Khosrow vive em Teerã, onde trabalha em seu atelier na Avenida Manouchehri.

Da Série “Guerra” 1998
Acrílica s/ papel
A série “Guerra” de Khosrow Hassanzadeh, foi seu primeiro trabalho conceitual. As pinturas foram feitas sobre papel de embalagem de frutas e expressam o trauma de sua experiência pessoal na guerra Irã-Iraque. As cores escuras e sem brilho que mostram cadáveres, envoltos em mortalhas brancas, contrastam com a glorificação, colorida e brilhante da vitória e do martírio como apresentação oficial da guerra.

Da Série Ashura , 2000
Acrílica, nanquim e pastel s/ papel 
Na série “Ashura”, Khosrow descreve a guerra e as mulheres iranianas, de uma forma muito pessoal. Sua visão é ao mesmo tempo terna e irônica com a intrusão de alguns elementos modernos ou clássicos, tais como miniaturas persas.

Da Série Chador 2000
Lápis de cor e colagem s/ papel 
Segundo Khosrow, essa série foi inspirada pelas mulheres de sua família e comunidade que ainda usam o chador até mesmo em casa. Lembrando com nostalgia a beleza, elegância e feminilidade dos chadors coloridos, usados pelas mulheres iranianas antes da revolução, agora o chador é politizado e preto.

Série “Terrorista”: Najibeh 2004 (Retrato da mãe do artista )
Serigrafia e acrílico sobre tela
Nesta série o artista faz vários questionamentos sobre o conceito internacional de terrorismo, representando a si mesmo e pessoas de sua família, como terroristas. Mostrando que por trás de todos os rótulos, estes retratos representam nada mais que pessoas com genuínas preocupações familiares, religiosas e tradicionais que estão ocupados vivendo suas próprias vidas.

Da Série Haft Khan, 2010
Pintura s/Cerâmica
Neste série, Hassanzadeh traz o seu envolvimento com as tradições populares e o imaginário visual do Irã em cerâmica. “Haft Khan” é o primeiro trabalho do artista em cerâmica e em grande escala, e faz referência à abundância de azulejos existentes no Irã, encontrado sobre as cúpulas das mesquitas, ou nos mosaico nos interiores em padrões geométricos e florais. A composição representa lutadores de Pahlavan (uma arte marcial iraniana) ao lado de antigos manuscritos iluminados da Pérsia.

Fontes: Site do artista Khosrow Hassanzadeh e IranDokht

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