Você já leu ou assistiu Persépolis de Marjane Satrapi ? Então o que achou? Será que essa aclamada escritora e desenhista iraniana quis reforçar ainda mais a visão negativa sobre o Irã politicamente falando ou será que quis surpreender o público com seu senso de humor irônico e narrativa engenhosa trazendo a tona as memórias de sua vida que se confundem com a história de muitos iranianos que vivem fora de sua terra natal?
Publicado aqui no Brasil pela Cia das Letras, a graphic novel Persepolis de Satrapi, originalmente em 4 volumes em francês e 2 em inglês desenhados em preto e branco, foi considerada um fenômeno da literatura mundial, sendo traduzida para várias línguas e se tornou até leitura obrigatória em vários colégios e universidades EUA. E nesse país as livrarias, não o colocam nem na seção de literatura ou de arte ou de quadrinhos, mas nas prateleiras de livros sobre política!
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Os 2 volumes da edição em Inglês |
Já o filme, estreou no Festival de Cannes de 2007, onde foi premiado. Ao receber o prêmio, após 20 minutos de aplausos ininterruptos, em lágrimas Marjane disse que “apesar desse filme ser universal, gostaria de dedicar o prêmio a todos iranianos”. O filme foi lançado na França e na Bélgica em 27 de junho do mesmo ano. No Brasil, foi lançado em 30 de outubro de 2007 no Festival Internacional de São Paulo e em 23 de fevereiro de 2008 no circuito comercial.
Embora muitas vezes, seja referido como um filme iraniano, na realidade, Persépolis é uma produção totalmente francesa que conta com a dublagem de grandes talentos do cinema francês como Catherine Deneuve, Danielle Darrieux e Chiara Mastroianni como Marjane adulta. O filme foi escolhido pelo governo francês para representar o país na disputa ao Oscar de melhor filme estrangeiro e, apesar de não ter sido indicado na categoria, foi um dos três indicados ao prêmio de melhor filme de animação, mas acabou perdendo para Ratatouille.
Apesar de seu sucesso internacional, no país de origem da autora a recepção não foi nada calorosa por parte do governo. A imprensa relatava que a República Islâmica do Irã convocou o embaixador francês a se opor à exibição do filme no Festival de Cannes, considerado pelas autoridades como anti-Irã. E também foi anunciado que, depois de reclamações do Irã, o filme foi retirado da cerimônia de abertura do Festival de Cinema de Bangkok. “O filme oferece uma imagem errada e falsa dos iranianos”, disse um oficial cultural na embaixada do Irã em Bangkok.
Porém a autora firme em seu ponto de vista argumentou em uma entrevista: “O filme é sobre ser fiel a si mesmo, é sobre o humanismo. É uma história sobre uma vida, um filme que implora por amor e pela paz. Depois de ver esse filme, você não vai querer a guerra, a revolução ou o que seja “
Tanto o filme, como o livros, mostram um ponto de vista muito pessoal de Satrapi, a visão de uma criança que cresce em períodos de turbulência, em meio a revolução iraniana de 1979 e a guerra de oito anos com o Iraque. “Não é um filme político”, Satrapi insistiu em entrevista à AFP. “É um filme universal que trata de eventos que ocorreram em vários países do mundo.”
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Cena de Persépolis : Marjane é obrigada a usar o véu após a Revolução de1979 |
Marjane Satrapi nasceu no norte do Irã em 1969 na cidade costeira de Rasht, no Mar Cáspio de uma família moderna mas envolvida politicamente com o comunismo. Ela cresceu em Teerã, onde frequentou o Lycée Français. Vivendo em tempos de guerra com o Iraque, Marjane é uma criança questionadora e sensível e em seus quadrinhos ela ilustra esses eventos históricos, com tristeza, humor e um traço lúdico, quase ingênuo mas com preocupações bem maduras. A história segue quando seus pais resolvem mandá-la para Viena ainda adolescente, temendo por sua segurança em função de seu espírito independente, onde começa sua nova vida no exílio marcada pela saudade e pelos contrastes culturais. Ao mudar-se para Paris, onde vive desde 1997, Satrapi juntou-se ao Atelier des Vosges, o lar de muitos célebres artistas da “nova onda” de histórias em quadrinhos da França. Lá, depois de ouvir as incríveis histórias de sua família e ver seus desenhos, seus colegas se perguntavam “o que ela estava esperando para colocar sua vida nas páginas de uma história em quadrinhos?”. E assim, “Persepolis” nasceu.
Outros livros Marjane Satrapi publicados no Brasil são Bordados e Frango com Ameixas. Ela é também autora de diversos livros infantis, incluindo Os Monstros não Gostam da Lua e sua forma de expressar memórias através da ilustração gráfica criou até mesmo seu gênero próprio batizado de autographix.
Particularmente eu considero que, embora o filme seja belíssimo e tenha uma qualidade visual maravilhosa, obviamente não faz justiça a complexidade da história toda que é muito mais bem contada e detalhada nos quadrinhos. Também não quero desencorajar ninguém a assistir o filme, assista e leia Persépolis, que vale realmente a pena! Mas antes tenha em mente que esta é a história de Marjane Satrapi e que se identifica com a de muitos iranianos, mas não deve ser vista como a única maneira de interpretar os fatos deste contexto histórico sobre o Irã .
Particularmente eu considero que, embora o filme seja belíssimo e tenha uma qualidade visual maravilhosa, obviamente não faz justiça a complexidade da história toda que é muito mais bem contada e detalhada nos quadrinhos. Também não quero desencorajar ninguém a assistir o filme, assista e leia Persépolis, que vale realmente a pena! Mas antes tenha em mente que esta é a história de Marjane Satrapi e que se identifica com a de muitos iranianos, mas não deve ser vista como a única maneira de interpretar os fatos deste contexto histórico sobre o Irã .
ASSISTA O FILME COMPLETO AQUI
PERSÉPOLIS Cor | 90 min | Dublado em Português
Baseado em Iranian.com
Salam, alma iraniana!
Mash´Allah! Muito bonito o filme, as variações de cores, do preto e branco ao colorido, a infância da menina, a adolescência na Áustria e a rebeldia punk, o desencontro amoroso, a sorte e o destino juntos em um pulsar de vida.
Foi muito bom ter assistido ao filme, ainda mais numa manhã chuvosa, que se assemelhou à paisagem do desenho…
Um Bauce em seu coração,
Denise.
Salam Denise jan, sem dúvida a Marjane é genial! Ela consegue transitar por um período tão turbulento da história da opressão do regime do xá a guerra contra o Iraque e da atmosfera melancólica da Áustria com uma delicadeza visual inigualável!
Adorei saber que vc assistiu o filme por aqui!
Um super bauce e ótimo domingo!
Salam Janaina !
Obrigada por compartilhar o filme conosco ! Acabei de assistir agora e eu adorei! Nada melhor do que assistir a um bom filme em uma tarde de domingo fria e chuvosa!
Gostei muito da animação e de ver outros pontos de vista …
Bauce
Salam Andréia jan!
Que divertido saber que vc também assistiu o filme por aqui, hoje também está friozinho aqui em sampa!! Mas nada como um bom cházinho da Pérsia para aquecer o nosso coração!
Bauce e ótimo domingo!
Wa aleikumussalam Janaina, tudo bem?
Eu baixei o filme mas não terminei de assistir. Creio que assisti um pouco antes da metade. Até então gostei.
Obrigada pelo comentário em meu blog. Fiquei super feliz de saber que você tem um blog sobre o Irã. Já estou te seguindo.
Obrigada pelos elogios. E parabéns também, é claro.
Espero vir mais vezes aqui, se Deus quiser.
Meu novo endereço:
http://stefani-aicha.blogspot.com.br/
Fiz uma fusão dos meus blogs. Agora estou só com um.
Beijos
Marhaba! Que legal Aicha, é muito legal saber que as pessoas estão assistindo os filmes através daqui.
Com certeza já estou indo seguir seu novo blog, e ficar por dentro das coisas do Bahrein!
Realmente fiquei muito curiosa porque o seu interesse é semelhante ao meu, vc começou a pesquisar sobre o país por não se contentar com a falta de informação. Isso também é uma motivação muito verdadeira.
Beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
Jana, esse desenho é muito delicioso!!! Dá vontade de assistir a ele mais de uma vez!! Adoro os seus links sobre cinema. Na verdade estou passando as minhas férias no seu blog e estou adorando!!! Beijinnhos, azizam! Simone Melo!
Estou encantada com o teu blog.
É muito especial.
Parabéns!