“O olhar e o modo como os trovadores que hoje personificam Haji Firuz [o arauto do ano novo persa] cantam e dançam evocam a fisionomia e o dialeto africanos”, diz o fotógrafo Mahdi Ehsaei sobre uma figura que depois da abolição da escravatura no Irã, em 1928, ainda entoa rimas como “Meu Senhor, eleva a tua cabeça/ Meu Senhor, olhe para si próprio/ Meu senhor, por que não ri?” Haji Firuz foi um dos rostos negros que levou Ehsaei, 27 anos, a ir ao encontro de uma comunidade “desconhecida e ignorada”, no sul do Irã. O outro foi um homem que o cativou no estádio de Hafeziyeh, na cidade de Shiraz.
“É importante salientar que nem todos os escravizados na Pérsia eram africanos e que nem todos os africanos chegaram à Pérsia como escravizados”, esclareceu Ehsaei. “A Pérsia também tinha escravizados do sul da Rússia e do Cáucaso do norte, enquanto alguns marinheiros africanos vieram para trabalhar no Golfo Pérsico. A partir do início do século XVI, portugueses e espanhóis ocuparam gradualmente as ilhas de Qeshm [Queixume] e Ormuz, de grande interesse estratégico. A ocupação da costa africana ocidental deu aos portugueses acesso ao comércio de escravizados, que controlaram durante os mais de cem anos que dominaram o Golfo Pérsico.”
Muitos dos afro-iranianos descendem desses escravizados: bambassis, núbios e habashi. Os bambassi ou zanj, vieram de Zanzibar (atual Tanzânia), e países vizinhos – possivelmente Moçambique e Quênia (Mombaça). Os núbios vinham da Núbia e da Abissínia. Os habashi eram originários da Etiópia.
Nossa, nunca imaginei existirem iranianos descendentes de africanos!! Parabéns pelo seu blog que nos surpreende com este belo país!!