Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
“Vou-me Embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. Estava certo de ter sido em Xenofonte, mas já vasculhei duas ou três vezes a Ciropedia e não encontrei a passagem. O douto Frei Damião Berge Informou-me que Estrabão e Arriano, autores que nunca li, falam na famosa cidade fundada por Ciro, o antigo, no local preciso em que vencera a Astíages. Ficava a sueste de Persépolis. Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas” suscitou na imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias como o “L’Invitation au Voyage” de Baudelaire.(…)
Ruínas de Pasárgada, província de Fars, Irã |
Gazal em louvor de Hafiz
Escuta o gazal que fiz,
darling, em louvor de Hafiz:
– Poeta de Chiraz, teu verso
tuas mágoas e as minhas diz.
Pois no mistério do mundo
também me sinto infeliz.
Falaste: “Amarei constante
aquela que não me quis”.
E as filhas de Samarcanda,
cameleiros e sufis
Ainda repetem os cantos
em que choras e sorris.
As bem-amadas ingratas
são pó; tu vives, Hafiz!
O poeta Hafiz, ou Hafez de Shiraz, já é um velho conhecido dos leitores deste blog. E sobre o gênero poético Gazal, encontrei no site Recanto das Letras, esta definição :
“Gazal, ou Gazel, (Ghazal, Ghazel) é um poema lírico de forma fixa de origem árabe, de cunho amoroso e místico, de forma leve, que surgiu no final do séc VII.
“É impossível falar em gazal sem nomear o poeta persa Hafiz (falecido em 1389/90), que o revitalizou ao escrever toda a sua poesia em gazais. Ele ficou célebre pela melodia dos seus poemas de tal modo que o seu túmulo se tornou um local de romaria e meditação. Escreveu uma poesia melancólica, cheia “do efêmero de todas as coisas e do enigma irresolúvel do universo”. Este foi o grande poeta das ausências, das partidas, das separações. Desde Hafiz é que se tornou costume o poeta colocar seu nome no final dos poemas. Goethe, escritor alemão romântico, escreveu um gazal, introduzindo-o, assim, na Europa.”
Grande Manuel Bandeira! Desde a primeira vez que li esse poema eu quis ir embora pra Pasárgada. Hahaha. A graça que ele tem se acentuou depois que me interessei pela cultura persa.
Salam Alana! Esse poema sempre me despertou minha curiosidade para saber onde era Pasárgada também! Olha que se você for nessa viagem dificilmente irá querer voltar! 😀