Hoje é o último dia das celebrações do Nowruz, o 13ª dia do primeiro mês do calendário iraniano. Todas as famílias do país deixam seus lares e vão para os parques onde fazem um divertido piquenique. Esta comemoração é chamada de Sizdah Bedar (literalmente, o “treze porta afora”).
O Sizdah Bedar é uma combinação de vários rituais que remontam a era pré-islâmica. Esta data, no calendário zoroastriano era devotada ao deus Tishtrya (Tir), o guardião das chuvas. No passado haviam celebrações em honra desta divindade, para trazer a chuva essencial para a agricultura. O ato de jogar fora o sabzi do Haft Sin nas águas correntes dos rios neste dia, também indica os resquícios da veneração de outra divindade ligada às águas, a deusa Anahita.
Enquanto Tishtrya era o guardião das chuvas, Anahita era a guardiã das águas correntes. E a última parte desta antiga celebração consistia em prestar os respeitos às divindades das águas. Na mitologia iraniana, todo ano, o deus Tishtrya vai aos rios em forma de um cavalo branco para lutar contra Apaosha, o demônio da seca que aparece sob a forma de um cavalo negro. Depois de vencer o inimigo, Tishtrya corre para o mar e dispersa as águas que são recolhidas por Vata, o deus dos ventos, para as nuvens. O restante das águas se mistura com as sementes das plantas que brotam assim que a chuva cai. Os antigos rituais dos iranianos sempre simbolizavam estes aspectos míticos, onde as águas sempre eram muito respeitadas e veneradas. Até o séc. XIX, no Irã havia uma corrida de cavalos neste dia, que representava a lutra entre os dois cavalos.
![]() |
Representação artística da batalha entre os cavalos Tishtrya (branco) e Apaosha (negro) |
Hoje em dia, os iranianos acreditam que ir para os parques e campos evita a má sorte que está associada ao número 13. Porém, este conceito do dia de azar não existia na cultura zoroastriana e parece ter sido importado do ocidente durante a era islâmica e combinados às tradições nativas. Atualmente os muçulmanos do Irã também tem orações especiais para pedir a benção da chuva, chamadas de namaz e baran, especialmente em tempos de seca prolongada.
No Sizdah Bedar, todo tipo de comida e doces são servidos com chá, iogurte, frutas, pães, queijo e ervas frescas. A sopa de macarrão chamada ash e reshteh‘ e o arroz com ervas e cordeiro, baghale polo são os favoritos. A ocasião é partilhada com familiares e amigos próximos em meio à natureza. Jovens e adultos fazem jogos e brincadeiras, alguns tocam música, e as moças solteiras seguem o ritual de dar um nó em uma folha de grama para conseguir um bom casamento. O piquenique geralmente vai até o pôr-do-sol.
Atualmente o Sizdah Bedar não tem nenhuma significação religiosa, sendo muito mais um símbolo cultural comum a todos os iranianos. Este dia deve ser celebrado com alegria, sem brigas ou negatividade, para garantir que o resto do ano seja abençoado.
Baseado em Culture of Iran
Boa tarde,
Obrigada por toda essa riqueza que vc nos proporciona!