Khomreh – “O jarro”

“O Jarro” (1992), um filme de Ebrahim Forouzesh
Salam! Estou aqui mais uma vez para dizer como cinema iraniano me cativa com sua simplicidade e magia. E desta vez a fórmula básica do diretor Ebrahim Forouzesh, retratando uma escola primária em um vilarejo na paisagem desértica do interior do Irã que tem seu cotidiano afetado quando o jarro que os alunos utilizam para beber água começa a trincar e vazar. Desde o início do filme, o cativante e simpático professor interpretado por Behzad Kodaveisi, é a figura central que toma providências para o bem estar de seus alunos.

Em meio a vila poeirenta e carente, o heróico professor quase não encontra apoio para a simples tarefa de consertar o vaso, nem mesmo os pais das crianças que não querem assumir nenhuma responsabilidade. Começam a se expor uma série de problemas sociais que não têm a ver somente com o vaso rachado, mas as dificuldades financeiras que os habitantes do vilarejo passam mas no entanto não querem ver seus filhos fora da escola.

Uma dos momentos mais importantes é quando o professor vai até a casa de um aluno cujo pai saberia consertar o vaso. O pai recebe gentilmente o professor, mas reluta em ir até a escola alegando não poder deixar seus serviços. O professor vai embora chateado e o menino, envergonhado, se esconde e falta à aula no dia seguinte, mas quando o pai do menino deixa o serviço para punir o menino por ter faltado à escola, na frente de todos os alunos e depois de muita insistência o homem aceita consertar o vaso com a condição que fossem arranjadas as ferramentas para o reparo.

A mãe (Fatemeh Azrah) e o professor (Behzad Kodaveisi)
“O Jarro” filmado em 1992, é uma narrativa simples, mas muito comovente, de como as crianças e o jovem professor superam o egoísmo dos mais velhos e fazem da aventura de consertar o vaso, uma divertida forma de participação onde todos colaboram para um interesse em comum. No entanto, seus pais não estão dipostos a doar sequer um único ovo, (do qual seria retirado a clara para preparar a cola para consertar o vaso). Mas em meio a tanta gente egoísta e após um conserto mal-sucedido, eis que se manifesta a corajosa mãe (Fatemeh Azrah) de um dos alunos disposta a colaborar pedindo doações e vendendo doces para arrecadar dinheiro para um novo vaso enfrentando até mesmo a oposição de seu marido.
Após assistir “O Jarro” de Ebrahim Forouzesh, ficaram marcantes mais uma vez para mim dois valores muito fortes da sociedade iraniana, o valor da educação e a determinação das mulheres e dos jovens muito bem representados pelas figuras da mãe e do professor, que sozinhos conseguem se mobilizar e transformar o cenário social onde vivem.

Khoda hafez, e até a proxima…



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