Este é um filme que provavelmente testou a paciência dos mulás até o limite! Marmulak (“O Lagarto”) dirigido por Kamal Tabrizi, é uma divertida comédia sobre a religião e a sociedade no Irã atual, e que tem como plano de fundo o submundo do crime no país. Com um roteiro mordaz do início ao fim e piadas escrachadas sobre os líderes religiosos islâmicos, não é por menos que o filme foi censurado no Irã, após ter estado em cartaz nos cinemas por apenas um mês em seu ano de lançamento (2004). Mas não é preciso garimpar muito na internet para assistir Marmulak on-line com legendas em inglês.
O personagem principal é um ladrão conhecido como Reza Marmulak, ou ” O Lagarto” (interpretado por Parviz Parastui) devido a seu talento incomum de escalar paredes e por sua marca registrada, a tatuagem de lagarto. Logo no começo da história, o nosso anti-heroi é preso por um assalto á mão armada. No presídio ele é obrigado a aturar a antipatia do carrasco diretor (Bahram Ebrahimi) que faz de tudo para puní-lo pelas menores infrações, mandando o para o confinamento solitário. Assim as primeiras cenas são uma sequencia entediante de entradas e saídas de Reza na solitária…
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O implacável diretor do presídio |
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Reza e a dura vida no presídio |
Um belo dia, cansado de tantas punições injustas, Reza decide que vai se matar com os remédios que ele mesmo roubou na enfermaria da prisão. No entanto sua tentativa é impedida por um companheiro de cela que acaba ferindo o seu braço com o vidro do remédio, assim ele vai parar na enfermaria, onde está livre temporariamente da implicância do diretor.
Por ironia do destino, no mesmo quarto que ele está internado há um amigável e compassivo mulá também chamado Reza (Shahrokh Foroutanian). Com algumas palavras de sabedoria o religioso consegue mudar alguma coisa no lá no fundo do coração do ladrão que até então se julgava como “vivendo no inferno”.
Mas apesar de seu encontro com o bom homem, o esperto Reza Marmulak consegue planejar uma engenhosa fuga. Roubando o manto e o turbante do mulá ele consegue sair da prisão sem ser notado e no caminho da liberdade acaba passando pelas situações mais constrangedoras por não saber sequer pronunciar uma oração islâmica
além das palavras
Allahu akbar!!
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Reza, um mulá meio suspeito… |
Ao saber da fuga de Reza, o diretor do presídio inicia uma busca implacável e obsessiva, sentindo que a insolência do bandido representa uma afronta a sua reputação profissional! O caminho da fuga do falso mulá Reza acaba levando-o a uma aldeia onde o líder local acredita que ele realmente seja um verdadeiro religioso e o designa para os serviços na mesquita local. Mas ali mesmo na aldeia, Reza está em contato com seus comparsas do crime ao mesmo tempo em que faz os sermões mais sem pé nem cabeça fazendo referências até mesmo a Pulp Fiction do “irmão” Tarantino na mesquita. Durante suas saídas escondidas ele sempre dá a desculpa de estar indo fazer suas obras de caridade, visitando as pessoas carentes enquanto na verdade está indo falsificar seu passaporte.
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Reza e Fayezeh |
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Reza, e os irmãos Mojtaba e Gholam Ali |
O filme de uma forma geral consegue prender a atenção e cativar com personagens divertidos e várias cenas de ação. Na aldeia o dissimulado Reza Marmulak, defende a mocinha Fayezeh (Rana Azadvar) que sofre com as agressões do marido machão Javad e encontra também os filhos do guardião da mesquita, o desengonçado Mojtaba (que anota o tempo todo tudo que o Reza diz) e o galante Gholam Ali (cujo pai espera que ele memorize o Alcorão, mas na verdade quer mais é namorar!). Outros personagens de destaque são Ozra, a falsificadora, o afeminado Jackson, o prediário Motazedi, cúmplices de Reza e o político oportunista Shojaei (Mehran Rajabi). Além do menininho (Sepehr Rezanoor) que aparece em vários momentos do filme apenas observando o Reza como se fosse um anjinho da guarda…
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O menininho… |
Quando finalmente parece que o Reza vai dar um jeito em sua vida, ele é capturado pelo diretor do presídio durante um encontro religioso na mesquita diante dos olhos de todos os aldeões que o consideravam um herói. Tendo que deixar suas roupas de mulá, ele se entrega pacificamente repetindo as palavras que o verdadeiro mulá Reza havia deixado para ele como lição antes da fuga, a frase efeito que dá a tônica a todo filme : “Há tantos caminhos para chegar a Deus, quanto há pessoas no mundo.”
Na minha opinião, esté é um dos melhores filmes iranianos, daqueles que vale a pena ver e rever…
O link para este filme foi removido.
Agradeço quem tiver sugestões para assistir online.
Fiquei com vontade de assistir agora!!
Pois é Ayesha, vale muito a pena! Uma pena que filmes como esses não são divulgados aqui no Brasil …