A História do Príncipe Siavash

Escultura representando o príncipe Siavash 

Siavash foi um lendário príncipe, personagem do épico, Shahnameh do poeta persa Ferdowsi. Ele era filho de Kay Kavus, xá dos primeiros dias do Império Persa. Seu nome significa literalmente “aquele com o cavalo preto”. No Shahnameh Ferdowsi intitula seu cavalo como Shabrang Behzad que significa “puro sangue da cor-da-noite”.

Assim  que Siavash nasceu, foi levado a Zabul (no atual Afeganistão), onde o herói Rostam o ensinou a calvagar e atirar com arco e flecha, enquanto outros professores o o instruíram à maneira dos reis. Quando Siavash cresceu, sentiu o desejo de  visitar  seu pai Kay Kavus e Rostam o acompanhou  de volta a corte real. Ao retornar para casa Siavash tinha se tornado o guerreiro que seu pai esperava e como recompensa,  foi nomeado governador de Tisfun. Mas uma das esposas de seu pai, Sudabeh filha de Hamavaranshah apaixonou-se perdidamente por ele. Sudabeh dirigiu-se ao rei e elogiando o caráter de seu filho, propôs que ele deveria se casar com uma das donzelas de linhagem real sob seus cuidados. Ela pediu que Siavash fosse enviado para o harém, a fim de ver todas as moças e escolher  uma delas como sua  legítima esposa . O rei aprovou a proposta, mas Siavash, por ser “modesto e tímido” e por suspeitar de Sudabeh  hesitou em aceitar o pedido. Finalmente, por ordem de seu pai, Siavash entrou no harém, mas em sua primeira visita,  não prestou atenção a Sudabeh e foi diretamente para outras damas, mas também não escolheu nenhuma delas.
O rei Kay Kavus pediu-lhe novamente para escolher uma das moças do harém para sua esposa, mas Siavash desta vez não quis ir novamente para o harém. Sudabeh primeiramente ofereceu a sua própria filha em casamento  a  Siavash e depois confessou que estava disposta até mesmo a matar seu marido para que ele pudesse se casar com ela legalmente, mas Siavash negou seu pedido.Frustrada com a recusa do príncipe, ela inventou  para seu marido a falsa acusação que ele tinha tentado violentá-la.
O rei, ao ouvir tal acusação sobre seu Siavash, pensou que só a morte poderia expiar esse crime. Mas primeiro pediu para cheirar as mãos de Siavash, e viu que tinham o cheiro de água de rosas e, em seguida,  tomou as vestes de Sudabeh que ao contrário, tinha um forte aroma de vinho. Após esta descoberta, o rei decidiu sobre a morte de Sudabeh, convencido da falsidade da acusação que tinha feito contra o seu filho. Por fim, ele resolveu averiguar a inocência de Siavash por meio de uma prova. Siavash teve que passar pelo fogo, usando um capacete e uma túnica branca, montado em seu cavalo preto Siah. Quando Siavash retornou a salvo da prova, sua inocência foi provada. Kavus agora determinado a executar Sudabeh por sua traição, no entanto Siavash, pediu a seu pai que a perdoasse  e ela não foi executada.

Siavash enfrenta o fogo e prova sua inocência
O rei Afrasiab de Turan ameaçou uma invasão contra o Irã. O rei  Kavus, resolveu que iria ele mesmo nesta ocasião  para o campo de batalha, mas Siavash pediu para  ir em seu lugar, pois com a ajuda de Rostam, ele seria bem sucedido. Assim o rei forneceu todos os recursos do império para equipar as tropas designadas para acompanhá-los. Depois de um mês, o exército marchou para Balkh, o ponto de ataque.
Por outro lado Garsivaz, irmão de Afrasiab e governante de Balghar, juntou-se aos tártaros de Balkh, comandados por Barman, para combater o exército persa, mas depois de um conflito de três dias foram derrotados. Quando Afrasiab ficou sabendo da notícia, já havia sonhado com uma floresta cheia de serpentes, e que o céu ficava escuro pelo aparecimento de inúmeras águias (as águias provavelmente eram o símbolo dos persas). Ele pediu aos seus astrólogos, para darem uma explicação desta visão, mas todos hesitaram. Finalmente, um sábio chamado Saqim concluiu através do sonho que ele seria derrotado dentro de três dias. Afrasiab, portanto enviou Garsivaz para o quartel de Siavash, com presentes, incluindo cavalos, armaduras e espadas e exigiu a paz.
Quando Garsivaz chegou diante de Siavash, com a proposta, um conselho secreto foi realizado sobre que resposta deveria ser dada. Em seguida, foi decidido que  deveriam ser dados cem guerreiros como reféns, e  a restauração de todas as províncias que os turanianos tinham tomado do Irã. Garsivaz retornou imediatamente para Afrasiab para informá-lo das condições necessárias, e sem a menor demora elas foram aprovadas. Cem guerreiros foram logo postos a caminho e as províncias de Bokhara, Samarkand, Haj e Punjab, foram fielmente devolvidas à Siavash. E o próprio Afrasiab retirou-se para Gungduz.
As negociações estavam concluídas, e Siavash enviou uma carta a seu pai pelas mãos de Rostam. O rei Kavus desaprovou a proposta e mandou que seu filho Siavash fosse substituído por Tus como líder do exército persa ordenando que marchasse novamente contra Afrasiab. Ofendido Siavash foi consultar  Zanga og Shavaran e ele aconselhou-o a escrever uma carta para seu pai, manifestando a sua disponibilidade para renovar a guerra e matar os reféns. Mas Siavash achava que deveria manter sua promessa e então decidiu abandonar o Irã e ir para o país de Afrasiab, Turan.

Siavash é morto por Garsivaz  (pintura de Negar Kashian)

Em Turan, Afrasiab recebeu Siavash calorosamente. O velho vizir turaniano Piran Visah concedeu a sua filha Jurairah em casamento a Siavash. Depois, Siavash casou-se com Farangis filha de Afrasiab. O segundo casamento realizou-se em conformidade, e Afrasiab ficou tão satisfeito  que conferiu sobre a noiva e seu marido a soberania de Khotan. Em Khotan, Siavash construiu a cidade de Siavashghord e o Castelo Gang. Piran Visah e Garsivaz visitaram a cidade de Siavash, mas o ódio e a inveja de Garsivaz eram tantos que começou a difamar  Siavash  diante de Afrasiab, dizendo que este pretendia tomar seu trono. Então Afrasiab decide tomar a cidade de Siavash com seu grande exército. Apesar de Siavash  se recusar a  lutar contra seu sogro, todos os seus homem foram mortos e decapitados e as mulheres foram levadas como escravas. Afrasiab queria matar Siavash com uma flechada, mas desiste. No entanto Garsivaz manda seus homens decapitarem o inocente Siavash. Mais tarde ele foi vingado por seu filho Kai Khosrow que sucedeu ao trono da Pérsia. Siavash  é um símbolo da inocência na literatura persa Sua morte é celebrada por alguns iranianos, especialmente em Shiraz , no dia chamado Siavashun .

Deixe um comentário