O Shahnameh, “Livro dos Reis” ou “Épico dos Reis”, é uma grande obra poética escrita no século X, por Ferdowsi, considerado o maior dos poetas persas, que narra a história e a mitologia do Irã, desde a criação do mundo até a sua conquista pelos árabes no século VII. A obra levou cerca de 35 anos para ser escrita e contém 62 histórias (990 capítulos) e 56.700 dísticos (estrofes de dois versos), ou seja, mais de sete vezes o comprimento da Ilíada de Homero.
Os primeiros capítulos contam a história dos lendários reis iranianos: Qeyumars, Hushang, Tahmuress, e o famoso Jamshid, que reinou por 500 anos durante a era de ouro. Após esse período de prosperidade, veio o governo do malvado Zahhak (Adzdi-Dahaka em Avestan), que foi tentado por Ahriman (o diabo), seu próprio antepassado. Como Zahhak tornava-se cada vez mais cruel, Kaveh, o ferreiro, levantou-se contra este, usando seu próprio avental de couro como a bandeira da revolta (veja também,
breve história da bandeira do Irã). Finalmente, o tirano foi amarrado e confinado sob o Monte Damavand nas margens do Mar Cáspio.
Logo em seguida temos um belíssimo episódio que narra os amores de Zal, da linhagem real do Irã, e Rudabeh, filha de Mehrab o rei de Kabul. Sua união resultou no nascimento do mais romântico de todos os heróis do Shahnameh, Rostam, que também pode ser considerado uma espécie de Hércules iraniano.
O épico progride desde os lendários tempos heroicos até as épocas históricas, passando pelos reinados dos imperadores sassânidas até a conquista islâmica e a morte de Yazdegerd III em 641. Assim, a obra constitui uma fonte valiosa para o início da história do Irã, que se completa com os relatos das antigas inscrições cuneiformes persas e no Avesta. Além de seu objetivo poético, Ferdowsi tinha um motivo claramente patriótico, ao escrever o
Shahnameh, pois ele desejava manter viva nos corações de seu povo a fé de seus ancestrais e as glórias de seus atos para que o Irã não viesse a ser um mero fantoche sob o domínio árabe.
 |
Rostam, o maior herói do Shahnameh |
Conta-se que o épico continha um elogio introdutório a Soltan Mahmud de Ghaznavdì, a quem Ferdowsi dedicou a obra. E ao apresentar o livro a Mahmud, Ferdowsi foi premiado com a desprezível quantia de 20.000 dirhams. O poeta desapontado resolveu se vingar escrevendo uma sátira amarga sobre Mahmud, no lugar do antigo elogio.
Em seguida, Ferdowsi fugiu para Herat, no leste do Irã (hoje no Afeganistão), e de lá para Tabarestan, onde o príncipe reinante o protegeu. Na sua velhice Ferdowsi voltou para sua cidade natal perto de Tus, onde, segundo a lenda, ele recebeu o perdão de Mahmud, pouco antes de sua morte.
O
Shahnameh talvez seja melhor conhecido no mundo através da história de
Rostam e Sohrab (1853), do poeta Inglês Matthew Arnold, baseada no épico persa e que ganhou recentemente até uma versão em
quadrinhos estilo
Comics americano .
Muito interessante este blog!A antiga Pérsia me fascina!
Obrigada por seu comentário!
Aqui no blog tanto a antiga quanto a atual Pérsia tem seu espaço!
Sabe informar se tem o livro traduzido para o português?
É um livro magnífico. O ciclo de aventuras de Rostam é o meu favorito. Esperamos que logo tenha uma tradução completa em português.
Leo