Salam amigos! Esta é a primeira vez que faço uma resenha de livro
aqui no blog. Como muitos sabem, sou uma leitora ávida e escrever é
minha segunda maior paixão. Recentemente, acabei de ler “Lendo Lolita em
Teerã: Uma memória nos livros” (2003), da escritora iraniana Azar
Nafisi, publicado no Brasil pela editora A Girafa. Confesso que há muito
tempo eu tinha vontade de ler o livro “julgando o somente pela capa”,
justamente pelo seu curioso e instigante título, que nos remete
imediatamente a leitura do famigerado romance de Vladimir Nabokov, na
capital do Irã, em um contexto de extrema censura a obras literárias
consideradas impróprias pelo regime islâmico.
O livro trata de
uma história real, uma autobiografia da escritora e professora
universitária Azar Nafisi, em uma narrativa não linear nos anos que se
sucederam a Revolução Islâmica(1979), a Guerra Irã-Iraque (1979-1989) e
uma relativa abertura política em meados dos anos 90, culminando com sua
decisão de deixar definitivamente o país com a família em 1997.
uma história real, uma autobiografia da escritora e professora
universitária Azar Nafisi, em uma narrativa não linear nos anos que se
sucederam a Revolução Islâmica(1979), a Guerra Irã-Iraque (1979-1989) e
uma relativa abertura política em meados dos anos 90, culminando com sua
decisão de deixar definitivamente o país com a família em 1997.
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Azar Nafisi |
Na
verdade, ao contrário do que seu título nos faz pensar, o livro se
divide em quatro capítulos onde em cada qual são analisados romances
ocidentais cuja leitura foi proibida pelo regime da República Islâmica:
Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, O Grande Gatsby (1925) de F. Scott
Fitzgerald, Daisy Miller (1878) de Henry James e Orgulho e Preconceito
(1813) de Jane Austen, entre outras obras dos mesmos autores. Os
romances são analisados em diferentes contextos, desde uma sala de aula
na universidade de Teerã a uma turma secreta formada por mulheres de
diferentes perfis organizada por Nafisi em seu próprio apartamento,
depois de sua demissão por razões ideológicas.
verdade, ao contrário do que seu título nos faz pensar, o livro se
divide em quatro capítulos onde em cada qual são analisados romances
ocidentais cuja leitura foi proibida pelo regime da República Islâmica:
Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, O Grande Gatsby (1925) de F. Scott
Fitzgerald, Daisy Miller (1878) de Henry James e Orgulho e Preconceito
(1813) de Jane Austen, entre outras obras dos mesmos autores. Os
romances são analisados em diferentes contextos, desde uma sala de aula
na universidade de Teerã a uma turma secreta formada por mulheres de
diferentes perfis organizada por Nafisi em seu próprio apartamento,
depois de sua demissão por razões ideológicas.
Podemos dizer
que além de ser um livro sobre os desafios de ser mulher e intelectual
na República Islâmica do Irã, este é também uma série de ensaios
elaborada e fascinante sobre aspectos universais da humanidade
explorados na literatura ficcional em épocas tão distantes quanto o séc.
XIX e primeira metade do séc. XX. Questões como o julgamento moral ,
direito a escolha e parâmetros da sociedade sobre família, casamento e
mulheres são lidas e questionadas sobre o viés da sociedade iraniana
representadas pela própria autora, seus alunos, sua família e amigos.
que além de ser um livro sobre os desafios de ser mulher e intelectual
na República Islâmica do Irã, este é também uma série de ensaios
elaborada e fascinante sobre aspectos universais da humanidade
explorados na literatura ficcional em épocas tão distantes quanto o séc.
XIX e primeira metade do séc. XX. Questões como o julgamento moral ,
direito a escolha e parâmetros da sociedade sobre família, casamento e
mulheres são lidas e questionadas sobre o viés da sociedade iraniana
representadas pela própria autora, seus alunos, sua família e amigos.
Nafisi
nos assegura que todas as histórias contadas no livro são reais, assim
como seus personagens (cuja maioria dos nomes foram trocados por uma
questão de segurança). Entre desencontros e reencontros em momentos de
grande tensão política, destacam-se as sete ex-alunas Azin, Mahshid,
Nassrin, Manna, Mitra, Sanaz, Yassi e um aluno, Nima, de diferentes
perfis ideológicos, mas todos apaixonados por literatura que passam a
integrar uma turma secreta no apartamento da professora, seu paciente
marido Bijan, os filhos carinhosos, a mãe que traz o café para a turma,
seu amigo “o mágico”, um homem quase invisível, que é uma espécie de
conselheiro, além de outros professores, alunos e amigos que tiveram um
papel importante em suas memórias.
nos assegura que todas as histórias contadas no livro são reais, assim
como seus personagens (cuja maioria dos nomes foram trocados por uma
questão de segurança). Entre desencontros e reencontros em momentos de
grande tensão política, destacam-se as sete ex-alunas Azin, Mahshid,
Nassrin, Manna, Mitra, Sanaz, Yassi e um aluno, Nima, de diferentes
perfis ideológicos, mas todos apaixonados por literatura que passam a
integrar uma turma secreta no apartamento da professora, seu paciente
marido Bijan, os filhos carinhosos, a mãe que traz o café para a turma,
seu amigo “o mágico”, um homem quase invisível, que é uma espécie de
conselheiro, além de outros professores, alunos e amigos que tiveram um
papel importante em suas memórias.
Nos capítulos sobre Gatsby e
James, há vários flashbacks onde a autora retorna para os anos
pré-revolução e sua vida nos Estados Unidos, onde as expectativas de
derrubada do antigo regime eram vistas com otimismo pelos jovens
intelectuais. De volta ao Irã, os momentos de grande tensão e medo
durante os anos da guerra, já no contexto da revolução, enquanto as
bombas explodem em vários locais de Teerã, assassinando vidas e sonhos,
nas aulas de literatura inglesa na universidade alunos muçulmanos e
seculares travam outra batalha acercade suas convicções morais. Até mesmo Gatsby, o livro, é colocado em um “julgamento” simbólico.
James, há vários flashbacks onde a autora retorna para os anos
pré-revolução e sua vida nos Estados Unidos, onde as expectativas de
derrubada do antigo regime eram vistas com otimismo pelos jovens
intelectuais. De volta ao Irã, os momentos de grande tensão e medo
durante os anos da guerra, já no contexto da revolução, enquanto as
bombas explodem em vários locais de Teerã, assassinando vidas e sonhos,
nas aulas de literatura inglesa na universidade alunos muçulmanos e
seculares travam outra batalha acercade suas convicções morais. Até mesmo Gatsby, o livro, é colocado em um “julgamento” simbólico.
Nos
capítulos sobre Lolita e Austen, as narrativas parecem dividir-se em
dois momentos bem nítidos: a vida dos personagens no “mundo real”, fora
de suas casas, onde os aiatolás, a polícia moral, a obrigação de as
vestimentas islâmicas, a separação entre homens e mulheres nos ambientes
sociais e a demonização do ocidente, as alunas e seus históricos de
abusos e repressão por parte de parentes homens, e até mesmo prisões; e o
“momento da ficção” na aula secreta, que é quando estas mesmas
personagens podem mergulhar nos romances, escrever o que pensam sem medo
em seus diários, tirar seus véus, comparar-se às personagens dos
romances, dar risadas e sobretudo falar de seus desejos mais íntimos.
capítulos sobre Lolita e Austen, as narrativas parecem dividir-se em
dois momentos bem nítidos: a vida dos personagens no “mundo real”, fora
de suas casas, onde os aiatolás, a polícia moral, a obrigação de as
vestimentas islâmicas, a separação entre homens e mulheres nos ambientes
sociais e a demonização do ocidente, as alunas e seus históricos de
abusos e repressão por parte de parentes homens, e até mesmo prisões; e o
“momento da ficção” na aula secreta, que é quando estas mesmas
personagens podem mergulhar nos romances, escrever o que pensam sem medo
em seus diários, tirar seus véus, comparar-se às personagens dos
romances, dar risadas e sobretudo falar de seus desejos mais íntimos.
Para finalizar, Lendo Lolita em Teerã, não é um livro que te
ajudará a gostar mais do Irã, na verdade é um retrato bem cinzento do
país, apesar de deixar claro que hoje em dia muitas coisas mudaram e o
regime está muito mais liberal na maioria dos aspectos mencionados.
Vivendo atualmente nos Estados Unidos com sua família, a autora enfatiza
que sair do Irã foi sua única escolha pois estava em jogo sua própria
realização como pessoa, mas que essa não deveria ser necessariamente a
escolha de suas alunas que a questionaram pelo fato de se sentirem
“deixadas”. Apesar de toda a sensação pesarosa que o livro possa nos
causar, Nafisi nos presenteia com seu olhar poético sobre a doçura dos
momentos compartilhados com as pessoas queridas, a beleza do passar das
estações, do pôr-do-sol, das chuvas e das montanhas de Teerã e,
sobretudo, suas brilhantes análises sobre os romances que eu mesma nunca
li, mas confesso que passei a me interessar. E através deste livro
também redescobri o prazer de escrever minhas próprias impressões sobre o
que acabei de ler.
ajudará a gostar mais do Irã, na verdade é um retrato bem cinzento do
país, apesar de deixar claro que hoje em dia muitas coisas mudaram e o
regime está muito mais liberal na maioria dos aspectos mencionados.
Vivendo atualmente nos Estados Unidos com sua família, a autora enfatiza
que sair do Irã foi sua única escolha pois estava em jogo sua própria
realização como pessoa, mas que essa não deveria ser necessariamente a
escolha de suas alunas que a questionaram pelo fato de se sentirem
“deixadas”. Apesar de toda a sensação pesarosa que o livro possa nos
causar, Nafisi nos presenteia com seu olhar poético sobre a doçura dos
momentos compartilhados com as pessoas queridas, a beleza do passar das
estações, do pôr-do-sol, das chuvas e das montanhas de Teerã e,
sobretudo, suas brilhantes análises sobre os romances que eu mesma nunca
li, mas confesso que passei a me interessar. E através deste livro
também redescobri o prazer de escrever minhas próprias impressões sobre o
que acabei de ler.
Leitura altamente recomendável para todos os amantes dos livros e da literatura!
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