Yazd, a jóia do deserto no coração do Irã

Yazd é a capital da província homônima, no Irã central,  localizada a 270 km a sudeste de Isfahan. É uma cidade de arquitetura única devido a necessidade de adaptações sucessivas ao ambiente imprevisível do deserto que a circunda. Também é famosa por ser o centro da cultura zoroastriana, pela qualidade do seu artesanato e por suas lojas de doces.


Panorama de Yazd, uma cidade com 3000 anos de história
Situada em um oásis onde os desertos de Dasht-e Kavir  e Dasht-e Lut  se encontram, a cidade às vezes  é chamado de “a noiva do Kavir”. Sua história remonta há mais de 3.000 anos, quando durante o Império medo persa era conhecida como Ysatis (ou Issatis). O nome atual da cidade  no entanto, é derivado de Yazdegerd I, um governante sassânida quando a cidade era definitivamente um centro zoroastriano. Depois da conquista árabe islâmica da Pérsia, muitos zoroastrianos fugiram de províncias vizinhas para Yazd. A cidade permaneceu zoroastriana, mesmo após a conquista, pagando uma taxa, mas gradualmente o Islã se tornou a religião dominante na cidade.

Uma viela de Yazd
O nome de Yazd também está relacionado à palavra Avestan Izad que siginfica “divina”. Diz-se que os gregos conheciam a cidade como Issatis, que foi construída sobre uma cidade  mais antiga chamada Katteh ou Kaseh. Após a conquista árabe do Irã, a cidade ficou conhecida por um tempo como Darol’ebadeh. Entretanto a cidade de Yazd também ganhou apelidos poéticos com “a encruzilhada do Irã”, “a Noiva do Deserto”, “a Pérola do Deserto” e “a cidade dos Badgirs (torres de vento).

Devido à sua localização remota no deserto e a dificuldade de abordagem, Yazd se manteve praticamente imune a grandes batalhas e era um refúgio para aqueles que enfrentavam o terror em outras partes da Pérsia durante a invasão de Gengis Khan. Ela também foi visitada por Marco Polo em 1272, que comentou sobre a sua grande indústria de tecelagem de seda.

Durante a Dinastia Muzafárida no século XIV, Yazd serviu brevemente como capital e foi sitiada, sem sucesso, entre 1350-1351 pelos Injúidas. A Mesquita Jameh-e-Kabir, sem dúvida  o maior marco arquitetônico da cidade e outros edifícios importantes, datam deste período.  Sob o domínio do Safavidas (séc. XVI), algumas pessoas emigraram de Yazd para uma área que é hoje na fronteira Irã-Afeganistão que ficou conhecido como Yazdi. Neste local, na cidade de Farah, no Afeganistão, ainda hoje, as pessoas falam com sotaque muito semelhante ao do povo de Yazd. Durante a dinastia Qajar (século XVIII) a cidade  foi governada pelos Khans Bakhtiari.

Vista geral da atual cidade de Yazd
Yazd  possui algumas das maiores expressões da arquitetura militar do Irã central, desde suas aldeias fortificadas, postos de estrada, castelos provinciais, cidadelas imperiais até as muralhas que cercam cidades inteiras; é uma cidade fortificada desde a sua criação no período Sassânida. Construída em grande parte com tijolos de barro e palha misturada com lama reforçada com madeira, as paredes de Yazd demonstram uma continuidade visual em escala, cor e forma com a arquitetura interna da cidade. Grandes porções das muralhas da cidade, abrangendo a Shahr-e Nau ou “Nova Cidade” foram demolidas no período Pahlavi e na atual República, para acomodar o crescimento urbano e rotas de tráfego em expansão.

Trecho da antiga muralha da cidade
Yazd é da maior importância como centro da arquitetura persa. Devido ao seu clima, tem uma das maiores redes de qanats (aquedutos) do mundo. Yazd é também uma das maiores cidades construídas quase inteiramente de adobe. Para lidar com os verões extremamente quentes, muitos edifícios antigos em Yazd tem badgirs, ou “torres coletoras de vento” e grandes áreas subterrâneas.

As Badgirs, ou “torres coletoras de vento”
Sempre conhecida pela qualidade de sua seda e tapetes, Yazd é hoje um dos centros industriais do Irã para têxteis. Uma parcela significativa da população também é empregada em outros setores, incluindo uma crescente indústria de tecnologia da informação. Atualmente Yazd é a maior fabricante de fibra óptica no Irã. As confeitarias de Yazd também são famosas em todo o Irã, e atraem muitos turistas para a cidade. As receitas tradicionais de doces são mantidas em segredo por famílias que mantiveram suas próprias empresas durante muitas gerações. Baghlava, ghotab e pashmak são os doces mais populares da cidade.

Templo Zoroastriano nos arredores de Yazd
A herança Yazd como um centro do Zoroastrismo também é importante. Há uma Torre do Silêncio na periferia e a cidade tem um Templo do Fogo, que mantém uma chama acesa continuamente desde 470 d.C. Mas atualmente,  os zoroastrianos compõem uma minoria significativa da população da cidade, cerca de  5 a 10 por cento.

PRINCIPAIS ATRAÇÕES TURÍSTICAS DE YAZD:

 Mesquita Jameh-e-Kabir 



A magnífica Mesquita Jameh é um marco importante da cidade, quase sempre lotada por turistas de dentro e fora do país. Sua imponente estrutura com vista para a imensidão do deserto, evoca a história das civilizações mais antigas escondidas na neblina do tempo. Segundo os historiadores, a mesquita foi construída no local do antigo templo fogo Sassânida no séc. XII e  é um exemplar dos melhores mosaicos persas e  excelente arquitetura. Seus minaretes são os mais altos do país com 52m de altura.

 Complexo de Amir Chaqmaq 


Esta grande praça foi construida durante a dinastia Timurida (sec. IX),  pelo governante Amir Jalal Al-Din Chaqmaq-e-Shami e sua esposa. O complexo é cercado por um reservatório de água, uma casa para dervixes, uma escola, uma hospedaria, um poço e uma grande mesquita. Dentro da mesquita há uma pedra de mármore com os nomes dos fundadores e a data de construção.

 Jardim  Dowlatabad 

Mohammad Taqi Khan conhecido como o Grande Khan foi o progenitor da dinastia dos Khans em Yazd. Ele construiu um qanat chamado Dowlatabad. Mais tarde, ele ordenou a construção do imóvel do Jardim como sua residência ao longo das águas que fluem do qanat. A propriedade é impressionante com seu grande badgir e uma varanda coberta de espelhos. O jardim é um exuberante paraíso com árvores frutíferas,  pinheiros e cipreste e uma variedade de flores, oferecendo um cenário típico de um oásis.

 Templo do Fogo (Atash Behram) 



Este elegante templo foi fundado em 1932 e construido com contribuições de zoroastrianos de  Yazd e da Índia (Parses) como  uma demonstração do estilo arquitetônico da Era Aquemênida (Persépolis). O imponente símbolo do Faravahar reluz no alto da fachada e uma chama que queima há 1500 anos atrai milhões de turistas durante todo o ano. É o fogo de Varahram que fica em uma câmara especial no interior do templo em uma pira de bronze.

Como este texto é muito pouco para falar de todas as belezas da magnífica “Jóia do Deserto” que reluz na aridez do Irã Central”, deixo com vocês esta reportagem que mostra o Bazar de Yazd e outras preciosidades do artesanato, arquitetura e cultura local:


(Baseado em Iran Review)

Este post tem 0 comentários

  1. Anônimo

    Janaína, tudo bem? Estive em Yazd e passei pelo Cipreste de Abakhur. Foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida. Imperdível. Abraço, José Henrique

  2. Anônimo

    Salam, Jana Jan!

    Parabéns pelo post, que linda cidade! Você sabe do meu amor pelo deserto…
    Lindas fotos, as cores das casas, as mesquitas. Deu vontade de ira até lá.
    Como se diz aqui no Rio: "Vambora!!!"

    Venha tomar um café árabe servido no Dallah,
    te espero,
    um beijo.

  3. Janaina Elias

    Salam Henrique! Você viu que eu postei sobre o Cipreste há dias atrás né? Imagino que tenha sido mesmo fantástico! Não é todo dia que vemos uma árvore de 4 milênios!
    Abraços!

  4. Janaina Elias

    Salam Denise jan!
    Obrigada! Eu também fiquei encantada com a arquitetura magnífica e a cultura singular desta cidade! Inshallah, vambora sim! Estou louca para comer baghlava, você conhece?

    Bauses!

  5. Janaina Elias

    Realmente, um verdadeiro tesouro de arquitetura e cultura, não é?

  6. Anônimo

    No Irã bebida alcoólica e nudez humana são proibidas, no Brasil são obrigatórias. Em ambos os países existem os fora-da-lei…

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