As mulheres mascaradas do sul do Irã

Borgheh, ou máscara feminina, característica marcante da indumentária do sul do Irã
(Crédito das imagens: Rodolfo Contreras)
Salam amigos! Daqui a pouco está chegando o Carnaval, e para nós aqui no Brasil, usar máscaras para cair na folia é de fato algo bem divertido. Mas você já imaginou passar a vida usando este acessório como parte de um costume cultural? Assim é a vida para muitas mulheres no sul do Irã! 
No post de hoje vamos conhecer, as misteriosas mulheres mascaradas da província de  Hormozagan.

Os habitantes da costa sul do Irã, são conhecidos como bandari  (ou “gente do porto”). E é nesta região que fica a província de Hormozagan, que  há milênios é um importante ponto de parada para comerciantes africanos, árabes, indianos e persas que atravessavam os mares do Golfo, resultando em um caldeirão de diversidade étnica. Ali encontramos trajes típicos bem diferentes dos que são usados em outras províncias do Irã; as mulheres preferem vestidos e véus multicoloridos ao invés do tradicional chador negro, ao passo que os homens costumam trajar roupas no estilo árabe. Mas a característica mais marcante da indumentária bandari, sem dúvida é um acessório chamado borgheh ou burqa, uma espécie de máscara usada pelas mulheres, sejam ela sunitas ou xiitas. (Veja também o post: As cores e estilos dos povos bandari).

A origem da tradição de usar máscaras, entre as mulheres bandari é um mistério. Muitos acreditam que foi durante o período em que os portugueses dominavam a costa sul do Irã, quando as moças locais tentavam se esconder para não serem capturadas como escravas ou também, como uma forma de proteger a pele e os olhos contra o sol inclemente da região. Ao contrário do que muitos pensam, as máscaras não são uma imposição da religião islâmica, mas sim parte de uma cultura que é encontrada em vários países do Golfo Pérsico, como Omã, Kuwait e outras partes da Península Arábica. 

A beleza destas máscaras, se dá pela grande variedade de estilos em que são encontradas por toda a região. Enquanto algumas cobrem toda a face, outras são  mais abertas revelando a área dos olhos. Algumas são feitas de couro, outras de um tecido grosso com bordado em cores brilhantes. A característica comum a todas elas é cobrir ainda que parcialmente a testa e o nariz, e às vezes as mulheres usam o véu em volta da cabeça, cobrindo também a boca. Os habitantes locais, conseguem reconhecer a origem, o status e até o local onde uma mulher nasceu, pela cor e formato da máscara que ela usa. 

Nos vilarejos da ilha Qeshm, há um outro tipo especial de máscara de couro dourada usada pelas mulheres que lembra o formato de um bigode. Acredita-se que este formato foi criado há séculos para que as mulheres locais parecessem mais duras e severas. A posição estratégica da ilha, tornava-a muito suscetível às invasões estrangeiras e quando os inimigos viam as mulheres mascaradas, eles pensavam que estas eram soldados homens. 

Apesar de ser uma tradição mantida há séculos, cada vez mais, as mulheres jovens estão abandonando o costume de usar máscaras, preferindo usar apenas o véu. Mas apesar da crescente modernização, mesmo sem as máscaras, a cultura bandari é conservadora, e as mulheres não gostam de ser fotografadas nem costumam falar com estrangeiros, especialmente homens. Mas é surpreendente notar como elas ostentam com charme e dignidade suas faces mascaradas, mostrando o orgulho que sentem de suas tradições singulares. 

Adaptado do artigo de Rodolfo Contreras para o site  BBC

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