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Detalhe de uma pintura do palácio Hasht-Behesht em Isfahan (c.1669) |
A música tradicional iraniana (Musiqi-e sonnatī-e Irani) ou música clássica iraniana (Musiqi-e-asil e Irani) é conhecida e apreciada em todas as regiões da Ásia onde há influência da cultura persa. Evidências arqueológicas revelam que já existiam instrumentos musicais desde o período Elamita (800 a.C). Pouco se sabe sobre a música persa do mundo antigo, e muito menos sobre a música do Império Aquemênida. Entretanto, a música teve um papel importante nas cortes Sassânidas. Deste período, sabemos os tipos de instrumentos que eram utilizados como harpas, alaúdes, flautas, gaitas de foles e outros. Durante o império Sassânida, a música modal foi desenvolvida por um músico da corte chamado Barbad. Enquanto a tradição da música clássica no Irã dos dias de hoje tem os mesmos nomes de alguns dos modos da época, é impossível saber se tinham o mesmo som, porque não há nenhuma evidência de notação musical do período Sassânida. A música tradicional persa começou a se desenvolver após o advento do Islã no Irã, na era medieval e mais tarde durante a dinastia Qajar, o sistema clássico foi reestruturado em sua forma atual.
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Barbad tocando para o rei Khosrow. Ilustração do Shahnameh de Firdowsi (1664) |
A música clássica do Irã baseia-se tanto na improvisação quanto na composição, e numa série de escalas modais e melodias que devem ser memorizadas. O conhecimento musical era passado de Ostad (“mestres”) para aprendizes, mas durante o século XX a educação musical passou a ser exercida em universidades e conservatórios. O repertório comum consiste de mais de duzentos movimentos melódicos curtos chamados gusheh, que são classificados em sete dastgāh ou “modos”. Dois destes modos têm modos secundários chamados avaz. Cada gusheh e dastgah tem um nome próprio e o conjunto de todos eles é chamado de Radif que existem em várias versões, de acordo com os ensinamentos de um determinado mestre. Muitas melodias e modos são semelhantes aos maqamat do repertório clássico turco e da música árabe por causa da troca de ciência musical que ocorreu no mundo islâmico entre a Pérsia e seus países vizinhos. Em 2009, os Radifs foram oficialmente registrados na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
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Músicos da atual geração da Radif iraniana (UNESCO) |
Na música clássica o vocalista tem um papel crucial pois é ele que decide que humor vai expressar de acordo com o dastgah escolhido. Em muitos casos, o vocalista também é responsável pela escolha dos poemas a serem cantados. Se a performance requer um cantor, este é acompanhado por pelo menos um instrumento de sopro ou de cordas, e pelo menos um tipo de percussão. Podem haver mais instrumentos, desde que o vocalista mantenha seu papel principal. Em alguma canções Tasnīf (espécie de ode), os músicos podem formar um coro com o cantor ao longo de vários versos. Tradicionalmente, a música é realizada com o conjunto sentado sob almofadas e tapetes finamente decorados às vezes à luz de velas. O grupo de músicos e o vocalista decidem qual repertório irão executar, de acordo com o humor exigido pela ocasião.
A música clássica iraniana sempre teve e continua a ter em toda a sua história, muito mais uma função espiritual do que recreativa. As composições podem variar imensamente do início ao fim, geralmente alternando momentos contemplativos e exibições de habilidade musical chamados Tahrir. A incoporação de textos religiosos passou a substituir em grande parte letras escritas por poetas sufis medievais, especialmente Hafez e Rumi.
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“Músicos persas da era Qajar”, pintura de Kamalolmolk, s.d |
Os instrumentos utilizados na música clássica persa incluem o kamancheh (instrumento de corda tocado com arco, ancestral do violino), o tonbak (tambor em forma de taça), o ney (flauta vertical de bambu), o daf (tambor emoldurado), os alaúdes de pescoço longo tar, setar, tanbur, dotar e o santur (harpa trapezoidal com 72 cordas percutidas). O violino europeu também é usado, com uma afinação alternativa preferida pelos músicos persas. O Chang (harpa persa), um instrumento muito importante até a metade do império Safávida, provavelmente foi substituído pelo Qanun (cítara). Também durante a dinastia Safávida foi introduzido o piano ocidental no Irã.
Talvez o instrumento de cordas mais amado pelos persas seja o tar. Tocadores de tar geralmente são escolhidos para atuar como o principal instrumento de cordas em uma performance. O setar também é amado por sua delicadeza e é o favorito entre os músicos místicos. Alguns instrumentos como o Sorna (corneta), neyanban (gaita de foles), dohol (tambor), naghareh (dois pequenos tamborins), e outros, não são utilizados no repertório clássico, mas são usados na música popular iraniana. O ghaychak, uma espécie de violino, está sendo re-introduzido na música clássica depois de muitos anos de exclusão. Os instrumentos utilizados no repertório clássico também são usados na música folclórica iraniana.
Em um próximo post falarei mais detalhadamente sobre os instrumentos musicais iranianos. Aguardem!
>> QUER OUVIR A MÚSICA TRADICIONAL PERSA? CLIQUE AQUI!
(Baseado em Wikipedia | Persian Traditional Music)
Salam, Jana Jan!
Tudo bom? Que lindo texto e explanações sobre música tradicional iraniana!
Tradição é tudo!
Lindo!
Beijos.
Salam Denise jan! Fico feliz que gostou! É um prazer compartilhar tradições tão lindas que chegam a meu conhecimento! Espero que tenha clicado no link para ouvir as melodias mágicas!
Beijão!
Muito me ajudo muito com o trabalho da escola
M ajudou a estudar para a prova. Muito bom e completo esse artigo.
Que legal, obrigada! Fico muito feliz! <3