 |
Estátua do nobre parta que é creditada como o retrato de Surena (Museu Nacional do Irã) |
Eran Spahbodh Rustaham Suren-Pahlav, ou simplesmente
Surena (84-53 a.C). Membro de uma das famílias mais nobres do Império Parta, ele teve uma vida curta, mas seu glorioso nome é preservado em meio aos heróis míticos, sendo recordado até mesmo no
Shahnameh, o épico nacional do Irã. Os feitos do exército persa comandados pelo
spahbed (comandante) Surena foram certamente os mais memoráveis de toda a era dos Partas. Por isso de alguma maneira a posição do grande Surena na tradição histórica é curiosamente paralela a do herói mítico Rostam, no
Shahnameh, e ele sempre tem sido representado como o mais poderoso dos cavaleiros iranianos.
O historiador grego Plutarco, assim o descreve:
… Surena era um homem extremamente distinto; por sua fortuna, família e honra estava abaixo somente do rei; e por sua coragem e capacidade, assim como sua estatura e beleza, superior a de todos os partas do seu tempo. Se ele saía em uma excursão pelo país, havia mil camelos a carregar sua bagagem e duas centenas de carruagens para suas concubinas. Ele era servido por mil cavalos fortemente armados e muito mais cavaleiros com armamentos leves em sua retaguarda. Sem dúvida seus vassalos e escravos perfaziam uma cavalaria de pelo menos dez mil. Ele teve o privilégio hereditário de colocar a coroa na cabeça do rei. Quando Orodes deixou o trono, ele o restaurou; e foi para ele que conquistou a grande cidade de Seleucia, sendo o primeiro a escalar a muralha e abater o inimigo com suas próprias mãos. Embora ele não tivesse nem trinta anos, seu discernimento era forte, e seu conselho o melhor.
A descrição física de Plutarco sobre Surena também acrescenta que ele era “o homem mais alto e mais elegante, mas a delicadeza de sua aparência e efeminação de seus trajes não comprometiam tanto a masculinidade da qual ele era dono; ele também maquiava a face e seu cabelo era repartido ao meio no estilo dos Medas.”
 |
Representação artística do General Surena |
Em 54 a.C, o General Surena, comandou as tropas do rei Orodes II na batalha pela cidade de Seleucia. Este foi o feito que o tornou capaz de restaurar Orodes, que havia sido deposto por Mitríades III, ao trono durante a dinastia Arsácida.
Mas o grande feito de Surena, foi em 53 a.C, o que ficou conhecido como a histórica
Batalha de Carras (atual cidade de Harran na Turquia). Quando os romanos avançaram sobre os territórios Partas ocidentais, Orodes II mandou sua cavalaria comandada por Surena para o combate. Os dois exércitos travaram o embate no meio do deserto, onde a superioridade dos equipamentos e inteligência tática garantiram a vitória aos partas, embora o exército romano fosse numericamente maior sob o comando de Marco Licínio Crasso. Esta foi sem dúvida uma das mais esmagadoras e humilhantes derrotas da história romana.
 |
Representação artística de Surena após a batalha de Carras (pintura de Dariusz Bufnal) |
Apesar de esta batalha ter provocado grandes baixas nas tropas romanas (Plutarco fala em 20.000 mortos e 10.000 prisioneiros), e ter ecoado fortemente entre os povos do Oriente, não ganhou nenhum território para os persas. Mas para Surena, ela custou sua própria vida.
O sucesso do grande general deixou enciumado o rei Orodes II, que imediatamente após a batalha de Carras, mandou executá-lo aos 31 anos de idade. E o Império Persa não somente sofreu a perda de um brilhante general, mas também criou-se uma amarga disputa entre a família do general (casa dos Suren-Pahlavs) e a família reinante dos partas (casa de Ashkan), o que subsequentemente abriu caminho para que os primeiros ajudassem “o rei dos Reis” Ardeshir I (da família Sassânida) a tomar o poder do Império Persa.
A magnífica estátua do nobre parta, encontrada em um antigo santuário nas imediações de Shami (província de Khuzestan) que se encontra atualmente no Museu Nacional do Irã, em Teerã, embora não tenha sido comprovado, é muitas vezes creditada como sendo o retrato de Surena.