Quem foi o poeta Omar Khayyam

Hoje 18 de maio (28 de Ordibehesht no calendário persa)  é o dia que os iranianos celebram o aniversário de Omar Khayyam que é com certeza um dos mais famosos poetas persas, conhecido no ocidente por sua obra Rubayat, em português “Quadras”(Rubaiyat é o plural da palavra persa rubai, que significa quadras, quartetos), uma coleção de mil poemas que ficou famosa a partir da tradução de Edward Fitzgerald em 1859.

Vida: das ciências à poesia

Omar Khayyam  nasceu em Nishapur, atual província de Razavi Khorasan no Irã, no ano de  1048 e viveu até 1131. Foi um notável matemático, astrônomo e poeta, oriundo de uma família de classe média alta, da qual herdou seu sobrenome que significa”fabricante de tendas”.
No campo da astronomia, Khayyam corrigiu o antigo calendário persa que tinha uma margem de erro de um dia a cada 3770 anos. Na matemática contribuiu em álgebra com o método para resolver equações cúbicas pela interseção de uma parábola com um círculo, que viria a ser retomada séculos depois por René Descartes.
Apesar de suas realizações no campo das ciências, foi com sua obra poética que ele recebeu maior reconhecimento. Suas crenças particulares são notáveis em seus escritos, rejeitando a religião formalista e interpretações literais dos dogmas do islamismo. Como filósofo, ele era partidário dos ensinamentos de  Avicena, os quais ele transmitiu durante anos até sua morte em sua cidade natal Nishapur.  

Noite, silêncio, folhas imóveis;
imóvel o meu pensamento.
Onde estás, tu que me ofereceste a taça?
Hoje caiu a primeira pétala. 

Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer. 

Acorda… e olha como o sol em seu regresso
vai apagando as estrelas do campo da noite;
do mesmo modo ele vai desvanecer
as grandes luzes da soberba torre do Sultão. 

 

(…) 

 

“Busca a felicidade agora, não sabes de amanhã./ Apanha um grande copo cheio de vinho,/ senta-te ao luar, e pensa:/ Talvez amanhã a lua me procure em vão.”

 

A tradução mais conhecida da obra de Omar Khayyam em português foi feita por Otávio Tarquínio de Sousa, embora vários outros poetas e escritores tenham se sensibilizado com a beleza do Rubayat, como Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. No prefácio da tradução do Rubayat em português por Alfredo Braga, há uma definição perfeita para compreendermos a personalidade deste poeta persa de múltiplos talentos:
“Um homem erudito e sofisticado, que sabe da assombrosa trajetória dos astros, da pureza da rigorosa geometria e da elegante álgebra, que percebe a inconsequente soberba dos homens sábios (e a dos outros) e caminha entre rosas, tulipas, lindas mulheres e finos vinhos, provavelmente não ia se entregar a tão imponente singeleza para falar do último gesto, daquele “ato inelutável” de um outro crepúsculo:
Cavaleiro que vejo ao longe na neblina
Do crepúsculo, aonde irá? Sei não. Por Vales
E montanhas? Sei não. Estará amanhã estendido…
Sobre a terra?… Ou debaixo da terra?… Sei não.”

 

    Túmulo do poeta Omar Khayyam em Nishapur | Foto: Masoud Kameli (CC BY-SA 4.0)

    Nishapur suportou guerras e terremotos, e em 1221 foi saqueada pelos mongóis. O túmulo de Omar Khayyam resistiu a todas as calamidades. O moderno monumento de mármore que o abriga atualmente foi reconstruído em 1963.

    “Se uma rosa guardaste, 
    no teu coração,
    Se a um Deus supremo e justo endereçastes
    Tua humilde oração, 
    se com a taça erguida
    Cantaste um dia 
    o teu louvor à vida:
    Tu não viveste em vão!”
    (Omar Khayyam) 
    🔎 Saiba mais: Deixo aqui sugestões de traduções do Rubayat de Omar Khayyam 

       📘 Os Rubayat – Omar Khayyam 
    Tradução em português de Alfredo Braga, leia online grátis  neste link 
       📘 Rubayát – Omar Khayyam 
      Tradução em português J.B. de Mello e Souza   (compre pela Amazon)
       📘 The Rubayats of Omar Khayyam 
      Tradução em inglês de Edward Fitzgerald  (compre pela Amazon)
    🎞Veja uma bela animação sobre o grande poeta persa Omar Khayyam: 

       

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