Sadeh: festival do fogo

Sadeh, festival do fogo que marca 50 dias antes do Ano Novo persa.

Salam amigos! Hoje os iranianos celebram o Sadeh, um festival que tem raízes nas tradições da antiga Pérsia, que cai no dia  10 º do mês de  Bahman no calendário persa (que corresponde a 29 ou 30 de janeiro do nosso calendário). 

 O nome Sadeh significa “cem”, que é o número de dias e noites (50 dias) restantes para para a chegada do Noruz, o Ano Novo Persa. Os rituais desta data consistem em reunir-se em torno de uma grande fogueira e entoar cânticos de ação de graças.
Na religião ancestral do Irã, o zoroastrismo, o fogo simboliza a luz divina. E como essa celebração cai em meados do inverno no Hemisfério norte, o fogo também simboliza a proteção contra o frio e a escuridão.

Origens históricas do Sadeh

As origens mitológicas deste festivais também estão associadas a descoberta do fogo pelo lendário rei persa Hushang
Conta-se que certa vez o rei Hushang estava escalando uma montanha quando viu uma cobra e quis acertá-la com uma pedra. Ao jogar a pedra, ela caiu sobre outra pedra que então formou uma faísca que acendeu o fogo espantando a cobra. Hushang se animou e louvou a Deus, que lhe revelou o segredo de como acender o fogo. Então ele anunciou: “Esta é uma luz de Deus. Portanto, devemos admirá-la.”
Hushang
O lendário rei persa Hushang, a quem é atribuída a descoberta do fogo na mitologia persa.

O festival de Sadeh ao longo da história do Irã

Durante os tempos antigos, o festival de Sadeh era celebrado com fogueiras. Para os zoroastrianos, a  preparação consistia na coleta de lenha no dia anterior ao festival. Meninos adolescentes acompanhados por alguns homens adultos iam às montanhas locais para colher espinhos de camelo, um arbusto comum no deserto do Irã.  Os meninos levavam os espinhos de camelo para os templos de suas cidades. Essa ocasião, para os meninos era como um ritual de passagem para a idade adulta.
No templo, a fogueira era mantida acesa a noite toda. No dia seguinte, as mulheres iam ao templo pela manhã, para levar uma pequena porção do fogo para suas casas e assim espalhar a bênção do fogo sagrado para todas as famílias da vizinhança. O que sobrava do fogo era levado de volta ao templo para ser guardado até o próximo ano. Desta forma, o fogo mantém-se aceso durante todo o ano. 
As festividades continuavam normalmente por três dias. As pessoas passavam as noites  comendo e distribuindo alimentos preparados com cordeiros entre os pobres.
O relato mais elaborado da celebração de Sadeh após a conquista islâmica  da Pérsia, vem do século X durante o reinado de Mardavij governante da dinastia Ziyárida. Essa dinastia fez o possível para manter as antigas tradições persas vivas. Em Isfahan, que era então a capital do Irã, eram montadas fogueiras em ambos os lados do rio Zayandeh para celebrar o festival de  Sadeh. Centenas de pássaros eram soltos enquanto os fogos de artifício iluminavam o céu. Também avia dança e música com fartos banquetes de cordeiro assado, carne, frango e outras iguarias.

O festival de Sadeh no Irã atual

Atualmente no Irã, o festival de Sadeh ainda é celebrado em muitas cidades como Kerman e Yazd e nos arredores de Teerã, pela comunidade zoroastriana .
Embora para a maioria dos iranianos o festival de Sadeh não tenha um  significado religioso e nenhum ritual específico esteja envolvido além de acender fogueiras ao pôr do sol e se divertir, pessoas de todas as crenças fazem um esforço coletivo para manter suas antigas tradições.
Iranianos celebram o festival de Sadeh com fogueira, em Yazd 

🔗Fonte: Sadeh | Wikipedia (acesso em 30/01/2023)

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