Voltando do Irã: as lições aprendidas durante a viagem

Torre Azadi, Teerã

Salam amigos da Pérsia! Estou de volta trazendo uma mala cheia de novidades depois da minha odisseia de 21 dias pelas terras da Pérsia! Nem acredito que consegui chegar ao outro lado do mundo sozinha! Logo eu: uma moça tímida, frágil e insegura que nunca viajou para o exterior antes. Além de  conseguir superar os meus temores e desmistificar o Irã que a mídia ocidental nos apresenta, descobri que 21 dias foi muito pouco para desbravar este país que amo tanto!

Percorri 10 cidades, mas infelizmente não consegui visitar todos os meus amigos nem todos os lugares que eu pretendia. Por isso quero voltar em breve ao Irã, alma da minha alma, onde encontrei um povo hospitaleiro e carinhoso, cidades lindas e acima de tudo amigos que são mais que amigos! Digo com toda certeza que o Irã é minha segunda casa e os iranianos minha segunda família!

Antes de postar sobre os lugares onde estive, vou contar um resumo das lições aprendidas, dos pontos positivos e negativos da minha viagem. Por favor, não tomem tudo o que eu disser como verdade absoluta, e sintam-se a vontade para ler com olhos críticos o que escrevo aqui, afinal cada pessoa é diferente e assim sendo, seu conceito sobre o Irã com certeza será também diferente do meu.

Para começar, NÃO RECOMENDO QUE NINGUÉM VIAJE SOZINHO (A) AO IRÃ, A NÃO SER QUE: você seja um mochileiro desbravador com muita experiência de roteiros exóticos na bagagem ou tenha uma super rede de amigos, tão competentes e eficientes como os que eu tenho. Juro, que eu nunca teria coragem de viajar sozinha para o Irã se não tivesse estabelecido uma verdadeira network de amigos de confiança que mesmo à distancia estavam a minha disposição para me orientar a todo momento.

Sozinha eu não saberia nem usar a moeda iraniana, nem dar entrada em um hotel, nem embarcar em um avião, nem chamar por um taxi. Pode ser que você esteja me achando um bichinho do mato por isso, mas era exatamente essa a minha situação! Nos primeiros dias não coloquei a mão no bolso uma única vez, os amigos faziam questão de pagar tudo para mim, o restaurante, às passagens de ônibus e as entradas em museus. Só fui aprender a contar os meus tomans em Shiraz, quando necessitei comprar algo para o café da manhã no hotel e pagar por um motorista que me levasse até Persépolis.

Em Yazd quando passeei sozinha pelas ruas do Irã pela primeira vez, tive que pagar mais caro por ser turista e não estar acompanhada de um iraniano. Aliás a maioria dos locais históricos tem preços diferentes para turistas e iranianos, se você  não tiver cara de gringo e souber falar bem em persa ou entrar calado ninguém desconfiará.

O lado engraçado de ser brasileira no Irã é que “brasileiro não tem cara”, então ninguém desconfiava que eu fosse brasileira até eu abrir o bico. Disseram que eu tinha cara de indiana, paquistanesa, ou até mesmo de bandari (do sul do Irã), mas quando eu dizia que era brasileira os olhos se arregalavam e começavam a soltar nomes de jogadores brasileiros (Ronaldo, Rivaldo, Kaká… Copa… we love Brazil!!!) Acho que a maioria dos iranianos provavelmente nunca viu um brasileiro perambulando por seu país antes…

Restaurante Malek o Tojjar, Yazd
Outra coisa importante, não basta falar só inglês para se virar no Irã. VOCÊ TEM QUE APRENDER PELO MENOS UMAS FRASES BÁSICAS EM PERSA. Essa foi outra grande dificuldade que eu enfrentei. Apesar de ter um bom vocabulário em persa, eu não sei falar! Consigo ler o alfabeto persa e entender onde fica a entrada e a saída dos lugares, localizar o banheiro feminino, ou distinguir uma loja de parafusos de uma sorveteria. Mas quando eu perguntava para alguém: do you speak English? alguns diziam que  “não muito”, mas até conseguiam me entender, já outros diziam que” sim”, mas não sabiam falar muito além de um “Okay”.

Por outro lado, viajando sozinha eu tive a oportunidade de conhecer
lugares que não estão em nenhum guia de turismo convencional. Nenhuma
agência de viagens ofereceria no pacote o privilégio de se hospedar em
uma casa típica iraniana ou de se sentir por um momento parte de uma
família. Porém, se você é do tipo que preza por sua privacidade, uma família iraniana não é o seu lugar, pois de  5 em 5 minutos alguém vem te oferecer frutas, chá, perguntar o que você precisa ou verificar se você está vivo… O hóspede é um deus, e às vezes a hospitalidade beira a bajulação, mas não se incomode por isso,  pois assim como eu, você poderá até sentir falta de tudo isso ao voltar para o Brasil…

Se você tem problemas de adaptação com camas, banheiros e formas diferentes de comer terá um esforço a mais também! Confesso que para mim não foi tão incrivelmente fácil como eu pensava, mas o carinho e atenção dos meus amigos me ajudaram a superar qualquer desconforto…

Por fim, o que tenho a dizer é o seguinte: AFASTE DE SUA MENTE QUALQUER IDEIA NEGATIVA SOBRE OS MUÇULMANOS E NÃO TENHA MEDO DE VISITAR O IRÃ!  Desculpem não ter conseguido atualizar o
blog, pois não sou uma blogueira tão high-tech e no Irã como sabem a
internet é limitada! Só consegui acessar meus e-mails e Facebook duas vezes e naquela vagareza. Meus amigos até tentaram me mandar softwares para  driblar a censura, mas eu não tive tempo para baixar. Mas agora que estou de volta, preparem-se para
embarcar comigo nos relatos de viagem nos próximos posts!

Este post tem 0 comentários

  1. Unknown

    Assalamu Aleikum
    Fico feliz pela experiência, meus parabéns.

  2. Anônimo

    Parabéns, Janaína. A cultura nos une a todos os povos da humanidade e a hospitalidade dos iranianos é conhecida em toda a Ásia. Já viajei para lá ano passado e pretendo repetir, pois vale muito a pena. Aguardo os posts. Abraço, José Henrique

  3. Cristina Pavani

    Janinha do céu… Você conseguiu! Estou muito emociona e orgulhosa de ti.

    Sua mãe deve ter ficado tão preocupada, mas agora já está de volta, e cheia de novidades!
    Aguardarei os posts futuros com ansiedade.

    Grande abraço.

  4. Anônimo

    Salam, Jana Jan!

    linda flor da Pérsia, estás bela na foto e a sua felicidade está transbordante em seu sorriso.
    Que bom que voltaste com experiências positivas e te agradeço de coração pela frase:
    "AFASTE DE SUA MENTE QUALQUER IDEIA NEGATIVA SOBRE OS MUÇULMANOS E NÃO TENHA MEDO DE VISITAR O IRÃ!"
    Assim, quem sabe as pessoas abram seus corações ao conhecimento!
    Beijos,
    Bause Kbir,
    Aguardo seus posts e sua visita,
    Denise Bomfim.`.

  5. Anônimo

    Oi Janaina,
    Parabéns pelo desafio superado! Fico feliz que tenha feito uma boa viagem e aproveitado a visita a esse destino tão especial, de rica cultura, belas paisagens e povo hospitaleiro. Que bom que vc está de volta. Aguardo com animação os relatos de sua viagem!
    Abraço,
    Ana.

  6. Janaina Elias

    Obrigada Henrique, eu realmente pude comprovar essa hospitalidade e também pretendo voltar. Deixou muitas saudades!
    Abraços!

  7. Janaina Elias

    Sim querida Cris, eu consegui! obrigada a todos que acreditaram em mim! De fato minha família ficou preocupada, devido a dificuldade de me comunicar de lá, mas foram dias de muitas experiências inesquecíveis!
    Abraços!!!!

  8. Janaina Elias

    Salam Denise jan!
    Shukran jazilan! Eu estava sim transbordante de felicidade! Feliz em explorar outras partes desse nosso mundo maravilhoso e de ter estado com famílias tão maravilhosas que me hospedaram. Eu quero dizer para todos essa frase, porque aprendi muito com o Irã e seu povo. É óbvio que problemas existem como em qualquer outro país, mas descarto absolutamente essa ideia de que devemos ter "cuidado com os muçulmanos". Quero de todo coração contribuir para essa forma de conhecimento!

    Um grande bause, aguarde as novidades!

  9. Janaina Elias

    Oi querida Ana! Obrigada de coração por suas palavras! Estou demorando um pouquinho para organizar tantas fotos e anotações, mas vale a pena aguardar!
    Grande abraço!

  10. Sejam bem vinda de volta minha querida amiga!
    Fico muito feliz que tem tido uma boa viagem, muito curta mas voce percorreu metade do Iran, nem eu como iraniano poderia ter feito este percurso em 21 dias..rsrs…
    Vou aguradar seus posts para desfrutar das novidades que voce trouxe das terras da persia!
    Grande abraco…Farzan

  11. Anônimo

    Olá, Janaína
    É a primeira vez que me manifesto no seu blog, apesar de acompanhá-lo há algum tempo.Cheguei aqui por curiosidades sobre filmes iranianos e gostei muito da sua forma de escrever e descrever.

    Fiquei impressionada com sua coragem em viajar para um país tão distante e tão restrito como o Irã, já que você própria se descreveu como tímida, frágil e insegura e ainda sem experiência em viagens para o exterior. Amigos são tudo nesta vida.

    Seus relatos são muito expressivos e vou acompanhar as futuras postagens, pois aprecio as impressões que as pessoas comuns fazem de suas viagens. É muito diferente de ler um texto comercial é mais autêntico e honesto.

    Um abraço fraterno,
    Tania

  12. Anônimo

    Só para não causar interpretações errôneas quis dizer que acredito que as suas interpretações é que são mais autênticas e honestas e não as de um texto comercial.
    Faltou revisar antes de publicar… sorry. rsrsss

    Tania

  13. Unknown

    Conheci seu blog hoje e estou amando tudo!
    Mas esse relato sobre sua viagem, apesar de breve, senti-me lá. Muito Obrigada por compartilhar tanto tesouro!

  14. Pan

    Oi Janaina, tudo bem?

    Conheci seu blog hoje, porque estou pesquisando algumas sobre o Irã para fins de trabalho acadêmico. E lendo alguns postes seu sobre o país, este em especial me chamou atenção. Quando você diz adaptação com cama e banheiro você quer dizer o que exatamente?? Fiquei curiosa!rs

  15. Janaina Elias

    Oi Pan! Seja bem vinda! Adaptação com banheiro no sentido de utilizar o sanitário estilo "turco", dá uma busca no Google para ver como ele é rsrs… E com relação a camas, em alguns lugares é mais comum dormir em colchões no chão, embora a maioria dos lugares onde fiquei, meus hosts me oferecessem a própria cama. 🙂

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