A lenda de Arash, “o Arqueiro “

Escultura de Arash Kamangir, no palácio  Saadabad em Teerã
Salam amigos! Hoje vamos conhecer a lenda de Arash Kamangir, ou Arash “o Arqueiro”, um grande herói da mitologia persa que para os iranianos é o símbolo do sacrifício e coragem. O nome Arash é muito popular entre os iranianos (incluindo um cantor famoso) e significa “luminoso” ou “brilhante”. O festival de Tirgan (solstício de verão) celebra a vida deste herói e sua história é contada no Shahnameh de Ferdowsi, e em muitas outras fontes da literatura iraniana. 
Resumidamente, a história de Arash é assim contada pela tradição popular:
Quando a longa e sangrenta guerra entre os reinos do Irã e Turan pela “glória real” (khwarrah) chegou ao fim, o General Afrasiab foi cercado pelas forças do justo Manuchehr, e os dois lados concordaram em selar a paz. Ambos chegaram a um acordo em que a terra à distância de um tiro de arco seria devolvida a Manuchehr e aos iranianos, e o restante para Afrasiab e os turanianos. Um anjo (segundo al-Biruni o Amesha Spenta Armaiti, chamado no persa médio de Spendarmad) instruiu Manuchehr a construir um arco e flecha especiais e Arash (segundo o Avesta “aquele que tinha a flecha mais rápida entre os arianos”), foi o escolhido para realizar a tarefa de atirá-la.

Arash, o melhor arqueiro do exército persa foi escolhido para demarcar a fronteira do Irã
Na brilhante manhã de Tirgan, o primeiro mês do verão (julho), Arash escalou o Monte Damavand e despindo-se disse: “Ora! Meu corpo está livre de qualquer ferida ou doença; mas depois de atirar esta flecha eu serei completamente destruído”. Assim, ele mirou em direção as terras de Turan, e com toda sua força esticou o arco. Deus comandou o vento e sustentou a flecha durante toda a manhã até as distâncias mais remotas de Khorasan onde esta caiu ao meio-dia, há 2250 quilômetros da margem do Rio Oxus que agora está na Ásia Central. Deste modo a fronteira entre os iranianos e turanianos estava estabelecida e permaneceu durante séculos até a invasão dos mongóis no séc. X.
Quando Arash disparou seu arco, seu corpo partiu-se em mil pedaços e ele morreu. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Ainda há histórias de viajantes que se perderam nas montanhas que dizem que ouviram a voz de Arash, e assim encontraram seu caminho de volta e salvaram suas vidas.

Do alto do Monte Damavand, Arash dispara a flecha em direção as terras de Turan
Diferentes versões da lenda
A lenda de Arash é contada com maior riqueza de detalhes somente nas fontes do período islâmico, embora estas contenham muitas variações entre si.
Segundo Talebi e Bal’ami, após atirar a flecha, Arash é destruído pela força de seu tiro e desaparece. Segundo al-Tabari, após o feito ele é nomeado como comandante dos arqueiros e vive o resto de sua vida com grande honra. A distância da flecha também varia: segundo um autor, é de mil léguas (farsakhs), segundo outro ator é de quarenta dias de caminhada. Com relação ao tempo, para alguns autores a flecha viajou do amanhecer até o meio-dia, do amanhecer até o pôr-do-sol ou até mesmo 2 dias e 2 noites!
A flecha de Arash viajou do nascer do sol ao meio-dia…
A localização de onde Arash atirou sua flecha também varia. No Avesta (que não menciona locais do Irã ocidental), o ponto é o Airyo khshaotha, uma localidade não mais conhecida. Fontes da Era Islâmica tipicamente identificam o local em algum lugar ao sul do Mar Cáspio, sendo às vezes no Tabaristan, no topo de uma montanha em Ruyan , na Fortaleza de Amol, no Monte Damavand ou em Sari. O lugar onde a flecha caiu também é identificado como o Monte Khvanvant, no Avesta (localização também desconhecida); um rio em Balkh; a leste de Balkh nas margens do Rio Oxus ou em Merv. De acordo com al-Biruni, ela caiu em uma nogueira entre “Fargana and Tabaristan nos confins de Khorasan.” Outros registros se desviam dessa antigas tradições, provavelmente devido a influência das flutuações na compreensão de onde a fronteira oriental do Irã se situa atualmente. 
De acordo com o tratado em persa médio Mah i Fravardin, este evento ocorreu no 6º dia do 1º mês (Fravardin); porém outras fontes mais tardias associam o evento com o nome das festividades Tirgan em 13 de Tir (aproximadamente 3 ou 4 de Julho) “provavelmente” devido à semelhança do nome do Yazata Tir (cujo significado é “flecha”). Atualmente os iranianos celebram a data com guerra de água, danças, recitação de poesias e comidas típicas como sopa de espinafre e sholezard. Também há um costume entre as crianças de amarrar uma fita colorida em um apito que é tocado durante 10 dias e depois jogado fora em água corrente.
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