“Museu da Vidraçaria e Cerâmica (Abgineh)”

Foto: Sidney Dupeyrat

Por Sidney Dupeyrat de Santana

Do lado de fora, um sol forte gera um intenso contraste de luzes e sombras que, com o ruído dos carros e motos e de suas incansáveis buzinas, forma um panorama algo caótico das ruas do centro de Teerã. As vias principais, próximas ao Grand Bazaar, ao Palácio Golestan e ao Museu Nacional, estão sempre cheias – de homens de camisa social, homens de camiseta, mulheres de chador, mulheres de hijabs coloridos, veículos, letreiros e publicidades com convites que não posso compreender, murais artísticos que posso entender. Ruas cheias, enfim, de vida.  

Após muito caminhar, decido entrar no Museu Abgineh – o Museu da Vidraçaria e Cerâmica do Irã. Mais um jardim bonito e comprido e mais um edifício de arquitetura pouco usual para os nossos padrões são convites irrecusáveis para um novo mergulho na cultura iraniana. E o que se vê do lado de dentro encanta o visitante: um ambiente predominantemente escuro que direciona suas luzes para o que interessa: pratos, jarros, tigelas e vasos que, em suas cores, formas e desenhos, contam um pouco da longa história do país. Flores, rostos, cidadãos comuns, figuras públicas e animais: estão todos ali, naquelas espécies de livros feitos de vidro e cerâmica tão maravilhosamente bem conservados.  

Desço a escada em espiral para sair do pequeno museu. Após um novo encontro com o grandioso passado iraniano, é hora de voltar ao Irã de hoje. Contorno o jardim e paro num canto, para apreciar a fachada do palacete pela última vez e guardar a câmera fotográfica antes de retornar à rua. Uma mulher e sua mãe puxam assunto. Se surpreendem com um brasileiro no Irã – sou sempre o único brasileiro no país – e naquele lugar da capital. Trocamos impressões: o que chega para elas do Brasil, o que encontrei ao chegar no Irã. Sorrimos e conversamos por alguns minutos: eu estou saindo, elas estão chegando no Abgineh. Na hora da despedida, peço para fazer um retrato. As duas então, simultaneamente, abaixam os véus e sorriem para a lente. É essa a imagem que querem levar para o Brasil. 

Este é o terceiro artigo enviado gentilmente por Sidney Dupeyrat de Santana, contando seus relatos de viagem ao Irã em 2013. Saiba mais sobre o autor: 

Instagram: @sidneydupeyrat

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