10 Mulheres iranianas que vão te inspirar

Salam amigos! Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, hoje trago 10 mulheres inspiradoras de origem iraniana. São artistas, cientistas, poetisas, escritoras, cineastas, esportistas e ativistas que com suas histórias de vida, transcenderam os limites de seu tempo e sociedade trazendo contribuições magníficas para toda a humanidade. 

1- ANOUSHE ANSARI: A primeira astronauta iraniana  

Anoushe Ansari
Anoushe Ansari, engenheira e empresária

Anoushe Ansari é engenheira e empresária, nascida em Mashhad. Em 18 de setembro de 2006, subiu ao espaço na nave russa Soyuz TMA-9, para uma estadia de nove dias a bordo da Estação Espacial Internacional. Primeira mulher na categoria de turistas espaciais a pagar a sua própria passagem para fora da atmosfera terrestre, obteve a fama de ser a primeira turista do sexo feminino no espaço.
Emigrou para os Estados Unidos em 1984 para poder seguir estudos na área da Ciência, limitados às mulheres no Irã pós-revolução islâmica de 1979. Naturalizada norte-americana nos anos 80, formou-se em engenharia elétrica e ciência de computadores na prestigiosa Universidade George Washington, localizada em Washington, DC.
É hoje sócia, co-fundadora e CEO da empresa Telecom Technologies, que fundou com seu marido e seu cunhado nos anos noventa.
Como principal contribuinte financeira da Fundação X-Prize, Anousheh Ansari dá nome ao prêmio Ansari X Prize, oferecido pela fundação a quem fizesse o primeiro voo espacial sub-orbital independente da história. 

2- AZAR NAFISI:  professora de literatura que enfrentou a censura

 

Azar Nafisi
Azar Nafisi, escritora a professora de literatura 

Azar Nafisi é uma escritora nascida em Teerã. Aos 13 anos mudou-se para os Estados Unidos, onde concluiu sua formação acadêmica em literatura inglesa e norte-americana. Retornou para o Irã em 1979, após a Revolução Islâmica, e ensinou literatura inglesa na Universidade de Teerã, onde permaneceu durante 18 anos contra a censura das obras literárias no âmbito da Universidade.
Em 1995, sua postura de discordância com as autoridades custou seu cargo como professora universitária, mas nem isso fez com que ela abandonasse sua paixão pela docência da literatura e convidou sete de suas melhores ex-alunas para prosseguir com os estudos em sua própria residência, em encontros “clandestinos”. Elas se reuniram para estudar livros controversos na sociedade iraniana pós-revolução como Lolita, Orgulho e Preconceito buscando contextualizar estas obras na perspectiva do Irã moderno. A sua história é narrada no livro Lendo Lolita em Teerã (veja resenha aqui).
Atualmente ela vive nos Estados Unidos e é acadêmica visitante e conferencista no Instituto de Política Estrangeira na Escola de Estudos Internacionais Avançados (SAIS) da Universidade John Hopkins. 

3- FORUGH FARROKHZAD: uma poetisa à frente do seu tempo 


Forugh Farrokhzad
Forugh Farrokhzad, escritora, poetisa e cineasta

Forugh Farrokhzad foi uma poetisa, escritora e cineasta nascida em Teerã em 1935. Considerada uma das personalidades literárias mais importantes de seu país no século XX e um símbolo do feminismo no Irã.
Farrokhzad, se casou aos 16 anos com o satirista Parviz Shapour de quem se divorciou após dois anos. Na década de 1950, como mulher divorciada, escrevendo uma poesia controversa, acabou atraindo muitas reações negativas por parte da sociedade vigente. Em 1958, após passar 9 meses na Europa, ela retornou ao Irã e manteve um relacionamento com o cineasta Ebrahim Golestan, que a incentivou a expressar a si mesma e a viver como uma mulher independente.
Seu famoso documentário A Casa é Escura, sobre um leprosário em Tabriz, filmado em 1962 é considerado parte essencial da New Wave do cinema iraniano.
Farrokhzad morreu em um acidente de carro em fevereiro de 1967, aos 32 anos. Seus poemas, que utilizavam uma linguagem coloquial e com forte teor feminista foram censurados por mais de uma década após a Revolução Islâmica.
Atualmente ela é lembrada como uma defensora dos direitos femininos, por ter se tornado escritora em uma época onde as mulheres eram duramente reprimidas. 


4- MARJANE SATRAPI: a primeira escritora de HQ iraniana 

Marjane Satrapi
Marjane Satrapi, escritora, romancista gráfica, ilustradora e cineasta

Marjane Satrapi é uma romancista gráfica, ilustradora, cineasta e escritora nascida em Rasht em 1969. Ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever história em quadrinhos. A adaptação animada de sua série de quadrinhos Persépolis, que ela co-dirigiu junto a Vincent Paronnaud, foi indicada para o Oscar.
Marjane Satrapi cresceu em Teerã em uma família que se envolveu com os movimentos comunista e socialista no Irã antes da Revolução Iraniana. Lá frequentou o Lycée Français e presenciou, durante a infância, a crescente repressão das liberdades civis e as consequências da política iraniana na vida cotidiana dos habitantes do país, incluindo a queda do Xá, o regime inicial de Ruhollah Khomeini, e os primeiros anos da Guerra Irã-Iraque.
Em 1983, então com 14 anos, Satrapi foi mandada para Viena, na Áustria, por seus pais. Ela permaneceu em Viena durante o ensino médio, morando na casa de amigos, em pensionatos e repúblicas estudantis, até finalmente ficar desabrigada e morar nas ruas. Após um ataque quase mortal de pneumonia, em decorrência das graves condições de vida, ela retornou ao Irã. Conheceu um homem chamado Reza, com quem se casou aos 21 anos e divorciou-se cerca de três anos depois.
Em seguida, ela estudou Comunicação Visual, e posteriormente obteve o mestrado em Comunicação Visual pela Faculdade de Belas artes em Teerã, Universidade Islâmica Azad. Atualmente ela vive em Paris, onde trabalha como ilustradora e autora de livros infantis. 


5- MARYAM MIRZAKHANI: uma estrela brilhante da matemática

 

Maryam Mirzakhani, matemática e cientista

Maryam Mirzakhani foi uma matemática nascida em 1977 em Teerã. Estudou no Liceu Farzanegan, ligado à Organização Nacional para o Desenvolvimento de Talentos Excepcionais (NODET). Em 1994, em Hong Kong, Mirzhakhani ganhou uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática, tornando-se a primeira mulher iraniana a receber o prêmio. Na edição da competição de 1995, sagrou-se como a primeira pessoa nascida no Irã a receber uma nota perfeita e a ganhar duas medalhas de ouro.
Em 1999, obteve um bacharelado em matemática na Universidade Tecnológica de Sharif de Teerã. Mudou-se para os Estados Unidos a fim de desenvolver sua pós-graduação, onde obteve um doutorado na Universidade de Harvard em 2004, orientada por Curtis McMullen que recebeu a Medalha Fields em 1998. Foi pesquisadora assistente do Clay Mathematics Institute em 2004 e conferencista da Universidade de Princeton. Aos 31 anos, em setembro de 2008, Mirzakhani tornou-se professora de matemática da Universidade Stanford.
Em 2014, Mirzakhani foi premiada em Seul com a Medalha Fields por “suas excepcionais contribuições à dinâmica e à geometria de superfícies de Riemann e seus espaços de módulos”. Ela faleceu em julho de 2017, em Palo Alto nos Estados Unidos, vítima de câncer de mama. 

6- SAMIRA MAKHMALBAF: a menina prodígio do cinema iraniano


Samira Makhmalbaf, cineasta

Samira Makhamalbaf é uma cineasta, nascida em Teerã em 1980. Aos 8 anos de idade ela atuou no filme O Ciclista, dirigido por seu pai Mohsen Makhmalbaf.
Aos 17 anos, ela dirigiu seu primeiro filme A Maçã e, se tornou a mais jovem diretora do mundo a participar da sessão oficial do Festival de Cannes em 1998, tendo recebido elogios do lendário cineasta Jean-Luc Godard. A Maçã foi convidado para mais de 100 festivais internacionais de cinema em um período de 2 anos.
Em 1999, Samira fez seu segundo filme Quadros Negros, e pela segunda vez foi escolhida para competir na sessão oficial de Cannes em 2000. Este filme também recebeu muitos prêmios internacionais incluindo o Federico Fellini Honor Award da UNESCO e o Francois Truffaut Award da Itália.
Em 2013, pela terceira vez Samira Makhmalbaf foi a Cannes e pela segunda vez recebeu o prêmio do Júri em com seu filme Às Cinco da Tarde, o primeiro filme feito no Afeganistão após a queda do Talibã. Em 2004, ela foi eleita uma das 40 melhores diretoras do mundo pelo jornal The Guardian. 


7- SHADI GHADIRIAN: a mais influente fotógrafa iraniana 


Shadi Ghadirian, fotógrafa

Shadi Ghadirian é uma fotógrafa, nascida em Teerã em 1974. Desde sua graduação pela Universidade Azad em Teerã com um bacharelado em fotografia, Shadi Ghadirian se estabeleceu como um dos maiores talentos criativos do Irã. Ela é mais conhecida por seus retratos evocativos que englobam uma grande variedade de assuntos incluindo a identidade feminina, censura, e questões de gênero.
Inspirando-se em suas próprias experiências de vida, a artista usa humor e paródia como ponto de partida para suas investigações sobre os paradoxos do que é ser mulher no Irã. De acordo com Anahita Ghabaian Etehadieh, diretora da Galeria Silk Road, já nos anos 90 Ghadirian se tornou uma das primeiras fotógrafas iranianas a mudar a percepção do público sobre a arte e sociedade contemporânea do Irã. “Por meio de um estilo único de expressão, ela começou a contradizer as imagens severas e brutais comumente associadas ao Irã, desafiando dilemas sociais do Oriente e como o mundo via o Irã através da linguagem da arte”.
 

8- SHIRIN NESHAT: uma artista engajada e de prestígio 

 

Shirin Neshat, artista visual

Shirin Neshat é uma artista visual nascida em Qazvin em 1957. Seus trabalhos, principalmente em vídeo arte e fotografia apontam os contrastes entre o Islã e o Ocidente, masculino e feminino, vida pública e privada, antiguidade e modernidade, buscando criar pontes entre estes temas. Ela deixou o Irã para estudar artes em Los Angeles, na época da Revolução Islâmica. Após concluir sua pós graduçação, mudou-se para Nova York e se casou com o curador coreano Kyong Park.
Shirin Neshat é uma artista de enorme prestígio e tendo recebido o Prêmio Internacional da XLVIII Venice Biennale em 1999 e também o Leão de Prata, como melhor diretora no 66º Venice Film Festival em 2009.
Em 2010, Neshat foi nomeada Artista da Década pelo crítico G. Roger Denson do Huffington Post.
Em 2015, ela foi selecionada pela fotógrafa Annie Leibovitz como parte do 43º Calendário Pirelli que celebrou algumas das mulheres mais inspiradoras do mundo. Atualmente ela vive em Nova York e seus trabalhos se encontram em diversas galerias do mundo. 

9- KIMIA ALIZADEH: A primeira mulher medalhista olímpica do Irã  

 

Kimia Alizadeh, atleta de taekwondo

Kimia Alizadeh é uma atleta do taekwondo nascida em Karaj, em 1998. Quando tinha sete anos, Kimia entrou no ginásio de sua cidade, que só oferecia aulas de taekwondo. Demorou, mas ela acabou aprendendo a amar a arte marcial e, em um ano, era campeã nacional. Aos 18 anos, ela se tornou a primeira mulher medalhista Olímpica do Irã (conquistando o bronze na categoria de 57 kg). 

Ela foi saudada como uma heroína em casa e recebeu o apelido de “tsunami” devido às suas poderosas façanhas. Mas em Janeiro de 2020, tudo mudou. A atleta nascida em Karaj fugiu de seu país natal, chamando a si mesma de “uma das milhares de mulheres oprimidas no Irã” em uma postagem do Instagram.

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Kimia competiu pelo pela Equipe Olímpica de Refugiados do COI. A atleta que vive atualmente na Alemanha com seu marido, disse que permaneceria “uma filha do Irã” onde quer que estivesse, e que continuaria a lutar pela igualdade, para que todas as mulheres pudessem seguir seus sonhos.

 

10- ZAHRA NEMATI: a maior medalhista paralímpica do Irã 

Zahra Nemati, arqueira paralímpica

Zahra Nemati  é uma arqueira paralímpica e olímpica nascida em Kerman em 1985. Faixa preta em taekwondo, tinha o objetivo de chegar a uma Olimpíada competindo na modalidade que amava. Seu sonho foi parcialmente interrompido em 2003, quando sofreu um acidente de carro que causou uma lesão na espinha e a deixou sem movimentos nas pernas. 
Três anos após o acidente ela passou a praticar tiro com arco. Com apenas seis meses de treinamento, Zahra ficou em terceiro lugar no campeonato nacional, competindo ao lado de atletas sem deficiência. Em 2012, ela se classificou para os Jogos Paralímpicos de Londres, onde fez história. Ao subir ao lugar mais alto do pódio na categoria arco recurvo, Zahra se tornou a primeira mulher iraniana a conquistar uma medalha de ouro em uma Olimpíada ou Paralímpiada. 

As conquista de Zahra não pararam por aí,  ela conquistou mais três medalhas nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 (ouro e prata) e Tóquio 2020 (ouro). 

E você conhece mais alguma mulher de origem iraniana inspiradora e influente que não foi citada aqui? Com certeza se você der uma busca no Google, vai encontrar muitas e muitas que não caberiam em um só post! Que  sejamos inspiradas hoje e sempre pelos exemplos dessas grandes mulheres! 
💐Feliz Dia Internacional da Mulher! 💐

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