Breve História da Caligrafia Persa

A caligrafia na arte iraniana se encontra presente em quase todas as manifestações de artesanato como o metal e a cerâmica, assim como elemento de destaque da arquitetura em diferentes períodos históricos da Pérsia. Mas é na arte dos livros manuscritos, especialmente o Alcorão e obras literárias como o Shahnahmeh de Ferdowsi, o Divan de Hafez e o Golestan de Saadi, todas reconhecidas como obras de inestimável valor que a caligrafia adquiriu um status inigualável. Uma grande quantidade de exemplares da caligrafia persa se encontram em museus e coleções particulares ao redor do mundo como o Museu  Hermitage de São Petersburgo e a  Galeria de Artes Freer de Washington.

A história da caligrafia no Irã remonta à era pré-Islâmica. Já na antiga Pérsia a escrita cuneiforme  era usada em monumentos para os reis Aquemênidas. Séculos mais tarde, outras escritas como o avéstico e o Pahlavi foram criadas para escrever os hinos de Zoroastro. Ao contrário da escrita cuneiforme que era esculpida sobre pedras, o Avesta era escrito com uma  pena, geralmente em páginas feitas de pele de animais. É surpreendente que esta escrita  tenha semelhanças com as escritas árabes, como o thuluth e o Naskh que foram inventadas séculos mais tarde. No entanto, as letras do alfabeto avéstico não eram ligadas umas as outras para formar palavras, mas  escritas individualmente uma ao lado da outra (similar a escrita latina). No entanto, eram escritas da direita para a esquerda como o árabe.

Antiga escrita persa cuneiforme
Antigo alfabeto persa avéstico
Antigo alfabeto persa pahlavi
Após o advento do Islã, no século VII, os persas adaptaram o alfabeto árabe e desenvolveram o seu próprio alfabeto. Enquanto o alfabeto árabe tem 28 caracteres, os iranianos acrescentaram mais quatro letras para chegar as 32 existentes no alfabeto persa contemporâneo. Cerca de mil anos atrás, Ibn Muqlah  e seu irmão criaram seis gêneros de caligrafia árabe, ou seja, Tahqiq, Reyhan, Thuluth, Naskh, Toqih e Ruqah. Esses gêneros eram comuns há quatro séculos na Pérsia. No século VII (calendário islâmico), Hassan Farsi Kateb combinou os estilos Naskh e o Ruqah e inventou um novo gênero de caligrafia persa, chamado Ta’liq. Eventualmente, no século XIV, Mir Ali Tabrizi combinou dois estilos  importantes de seu tempo, isto é, o Naskh e o Taliq e criou o estilo de caligrafia persa  conhecido como  Nas’taliq que passou a designar tradicionalmente o estilo predominante na caligrafia persa.
Exemplar de caligrafia persa Ta’liq (período Safávida)
Exemplar de caligrafia Nasta’liq
Exemplar de caligrafia Shekhaste Nasta’liq
É muito importante notar que  o Nas’taliq segue  curvas mais naturais, ao contrário de seus antecessores árabes que  seguem um desenho mais geométrico. Há uma série de semelhanças encontradas entre as curvas usadas na escrita Nas’taliq e na natureza.

Morteza Gholi Khan Shamlou e Mohammad Shafi Heravi criaram um novo gênero de escrita cursiva chamado Shekasteh Nastaʿliq no século XVII. Quase um século depois, um proeminente artista chamado Abdol-Majid Taleqani trouxe esse gênero ao seu mais alto nível. Este estilo de caligrafia é baseado nas mesmas regras do Nas’taliq mas proporcionava movimentos mais flexíveis e alongados. Entre os calígrafos contemporâneos neste estilo, Yadollah Kaboli definitivamente se tornou o mais proeminente.

Exemplo de regras de proporção em Nasta’liq
Caligrafia Nasta’liq em um manuscrito persa
O Nas’taliq  é sem dúvida o  mais popular  entre os estilos clássicos e contemporâneos da caligrafia persa. Sua estrutura é tão forte que pouco mudou em mais de 7 séculos, além de ser o estilo de caligrafia persa mais belo e também tecnicamente o mais complicado com regras estritas de composição. O segundo  mais popular estilo da caligrafia persa, o Shekasteh Nas’taliq visivelmente segue as mesmas regras que o Nas’taliq, sendo um pouco mais flexível.
Em 1950 foi fundada a Associação de Calígrafos do Irã foi  por Hossein Mirkhani, Ali Akbar Kaveh, Bouzari Ebrahim, Mirkhani Hassan e Baiani Mehdi, que até hoje mantém cursos de caligrafia em nível de bacharelado em  e incentiva novos talentos por meio de concursos nacionais. A caligrafia também é um dos elementos mais marcantes nos trabalhos grandes designers e artistas contemporâneos iranianos como Shirin Neshat, Bahman Jalali e Reza Abedini. 

Baseado em Wikipedia | Persian Calligraphy

Este post tem 0 comentários

  1. Anônimo

    Salam, Jana Jan!

    Nossa!! Que legal! Você já consegue escrevê-las?
    Belíssimas letras.
    Um beijinho e uma flor @>——

  2. Janaina Elias

    Salam Denise jan!
    Eu já aprendi o alfabeto persa, mas quanto a caligrafia…
    Um dia eu chego lá… 🙂
    Um beijão e uma tulipa do jardim de Golestan!

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