Leila Hatami em Cannes, polêmica de Ocidente a Oriente!

Leila Hatami cumprimenta o presidente do festival de Cannes
Salam amigos! O assunto do momento é o estardalhaço causado pelo singelo cumprimento da atriz iraniana Leila Hatami ao presidente do festival de cinema de Cannes, Gille Jacob. Não bastava à atriz ter estendido a mão a ele, ainda teve que beijá-lo no rosto! É claro que um comentário desse tipo parece ridículo, mas quando falamos de uma atriz que é a famosa protagonista de “A Separação”, o primeiro filme iraniano a ganhar o Oscar e com uma carreira respeitadíssima dentro de seu país, a coisa já vira assunto de estado!
De fato, a lei islâmica que governa o Irã realmente proíbe que homens e mulheres demonstrem afeto em público, mas estando Leila Hatami em terras ocidentais (e não pela primeira vez) ela sequer imaginava que sua atitude por ser uma mulher iraniana pesaria tanto aos olhos do vice-ministro da cultura Hossein Noushabadi que afirmou em seu tom patriarcal:
“Espero que aquelas que atendem arenas internacionais na condição de mulheres iranianas tenham cuidado com a castidade e a dignidade para que a imagem de mulher iraniana não seja manchada aos olhos do mundo”, disse Noushabadi. Se elas respeitarem as normas islâmicas, a cultura e as crenças do Irã, é desejável que as celebridades viajem ao exterior. Mas se sua presença ignora valores sociais e critérios éticos, isso é inaceitável para a nação iraniana.” (Fonte: Samy Adghirni)
Leila Hatami, a primeira atriz iraniana a participar do juri de Cannes
É óbvio que a mesma ênfase não foi dada ao fato de uma atriz iraniana pela primeira vez participar como membro do júri. A bela e talentosa atriz, que é filha do diretor Ali Hatami e casada com o ator Ali Mosaffa, a meu ver representa com toda dignidade o cinema de seu país, uma vez que ela continua morando e atuando no Irã, quando não faltaram convites de Hollywood para que ela abrisse mão de seu hejab. Em todas as cerimônias que participa no Ocidente, Leila sempre se veste com modéstia, evitando expor o corpo, mas burla levemente a rigidez do código de vestimenta islâmico.
Também não faltaram comparações à atitude de outra igualmente talentosa atriz iraniana Golshifteh Farahani, que em 2012 pousou nua para a revista francesa “Madame Figaro” e por este motivo foi proibida de voltar a seu país. Leila Hatami, elegantemente vestida da cabeça aos pés com todo o status de diva roubou atenção com um simples beijinho, foi injustamente acusada de “afrontar a castidade das mulheres iranianas”.

Também lembrei de outra cena que foi motivo de controvérsia, mas no sentindo inverso. Quando o atleta paralimpico iraniano Mehrdad Karam Zadeh em Londres ao receber a medalha saudou respeitosamente a princesa Kate Middleton levando as mãos ao coração, ao invés de um aperto de mão e foi acusado pela mídia ocidental de se recusar a cumprimentá-la (veja: O gesto do atleta iraniano e a incompreensão da mídia).
Resumindo: homens e mulheres iranianos no ocidente, seja lá quem forem, sempre terão seu comportamento julgado sob a interpretação de que muçulmanos devem ser assim ou assado…

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  1. Unknown

    Este comentário foi removido pelo autor.

  2. Anônimo

    Um ocidental tem que se adequar às normas islâmicas estando num país islâmico, não? Então porque um islâmico não se adequa às normas ocidentais estando num pais não-islâmico ? Um peso e duas medidas ?

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